Venezuela expulsa representantes latino-americanos que questionaram Maduro

Sete países latino-americanos estão sendo solicitados a retirar seus diplomatas de Caracas, conforme anunciado pelo governo da Venezuela. A medida envolve Argentina, Chile, Costa Rica, Peru, Panamá, República Dominicana e Uruguai.

Os presidentes da Argentina e do Chile, Javier Milei e Gabriel Boric, cujos países questionaram a vitória de Maduro na Venezuela Foto: Getty Images / BBC News Brasil Reprodução: https://www.terra.com.br/

O governo da Venezuela surpreendeu nesta segunda-feira (29) ao solicitar a retirada do corpo diplomático em Caracas de representantes da Argentina, Chile, Costa Rica, Peru, Panamá, República Dominicana e Uruguai.

Esta medida inclui ainda a convocação dos representantes venezuelanos nesses sete países latino-americanos, conforme comunicado feito pelo chanceler Iván Gil nas redes sociais. Gil justificou a ação como uma resposta às “ações e declarações interferentes de um grupo de governos de direita, subordinados a Washington, e abertamente comprometidos com os mais sórdidos postulados ideológicos do fascismo internacional, tentando reanimar o fracassado e derrotado Grupo de Lima”.

O Grupo de Lima foi estabelecido em 2017 com o propósito de buscar estabilidade política e social na Venezuela, entretanto, nos últimos anos tem sido crítico ao governo Maduro e defendido a mudança de governo. O chanceler venezuelano enfatizou que seu governo “resguarda todas as ações legais e políticas para respeitar, preservar e defender nosso direito inalienável à autodeterminação”.

Em contrapartida, o governo brasileiro adotou uma postura menos incisiva em relação aos sete países, afirmando que aguarda informações mais detalhadas sobre o pleito. A decisão da Venezuela vem logo após a polêmica vitória de Nicolás Maduro nas eleições presidenciais de 28 de julho, anunciada na manhã de segunda-feira pelo Conselho Nacional Eleitoral.

A oposição venezuelana, especialistas e autoridades de diversos países questionaram a transparência e legitimidade do processo eleitoral, amplamente controlado pelo governo. Representantes da Argentina, Costa Rica, Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai solicitaram uma “revisão completa dos resultados eleitorais” nesta segunda-feira. A Argentina ainda demandou uma “reunião urgente do Conselho Permanente da OEA [Organização dos Estados Americanos] para emitir uma resolução que assegure a vontade popular”.

O presidente da Argentina, Javier Milei, acusou Maduro diretamente de praticar “fraude” eleitoral, enquanto Rodrigo Chaves, presidente da Costa Rica, classificou a eleição como “fraudulenta”. O ministro das Relações Exteriores do Peru, Javier González-Olaechea, também manifestou-se de forma semelhante. O presidente do Chile, Gabriel Boric, descreveu os resultados eleitorais como “difíceis de acreditar”, enquanto o presidente uruguaio, Luis Lacalle Pou, considerou o processo “claramente falho”.

Adicionalmente, o governo do Panamá decidiu retirar seu pessoal diplomático da Venezuela em meio a essas controversas eleições. Maduro não divulgou os registros oficiais de cada um dos locais de votação e fez acusações — sem apresentar provas — sobre um suposto ataque cibernético ao sistema de votação, atribuindo a opositores como María Corina Machado. Machado, por outro lado, alega possuir cópias de aproximadamente metade das atas que indicariam a vitória do candidato opositor, Edmundo González.

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