Talibã proíbe mulheres de se comunicarem

Durante um evento recente, o ministro responsável pela moral e pelos hábitos dentro do governo do Talibã, Khalid Hanafi, destacou quais expressões de cunho religioso não devem ser proferidas.

Situação de liberdade das mulheres no Afeganistão tem levantado preocupação internacional Foto: REUTERS/Ali Khara Reprodução: https://www.terra.com.br/

O regime do Talibã no Afeganistão publicou um novo decreto draconiano que reforça as restrições à liberdade das mulheres no país. De acordo com Khalid Hanafi, ministro da Virtude do Talibã, foi determinado que as mulheres adultas não devem permitir que suas vozes sejam ouvidas, proibindo inclusive a recitação do Alcorão e a realização de orações islâmicas em público. Desde que o Talibã retomou o poder em agosto de 2021, tem havido um claro retrocesso nos direitos das mulheres afegãs.

Nesse contexto sombrio, até mesmo as mulheres profissionais de saúde estão sendo afetadas, com restrições que as impedem de se encontrarem com homens que não sejam seus parentes durante o atendimento às pacientes. Além disso, as proibições se estendem a atividades simples como ler ou cantar em público. As mulheres são obrigadas a usar roupas largas, cobrir o rosto em público e evitar olhar para homens que não sejam seus parentes diretos, sustentando a justificativa de evitar a tentação alheia.

Durante um evento na província de Logar, Khalid Hanafi reiterou as proibições, destacando a vedação da recitação de versos do Alcorão e de cantar expressões islâmicas, como o “takbir” (Allahu Akbar), restringindo ainda mais a liberdade de expressão das mulheres. A declaração do ministro foi inicialmente divulgada nas redes sociais do Ministério da Virtude e do Vício, mas posteriormente foi removida. O ministério informou que um programa nacional de conscientização está em andamento para informar a população sobre as novas normas.

Desde a reintrodução do Ministério da Virtude e do Vício pelo Talibã, as restrições aos direitos das mulheres têm sido intensificadas, incluindo normas de vestimenta e a exigência de que elas sejam acompanhadas por um guardião masculino durante viagens. Essa nova ordem veio agravar ainda mais a situação em um país onde, há apenas alguns anos, as mulheres podiam frequentar escolas, universidades e exercer profissões como juízas, advogadas e médicas.

Atualmente, as políticas impostas pelo Talibã limitam severamente a liberdade de movimento, trabalho e expressão das mulheres afegãs. Uma ativista dos direitos das mulheres expressou sua consternação diante das dificuldades provocadas pelo regime, questionando como as mulheres, muitas vezes únicas provedoras de suas famílias, poderão realizar as tarefas do dia a dia se até suas vozes forem silenciadas. Essas ordens impõem uma imobilidade avassaladora às mulheres e tornam a vida exaustiva para todos os afetados por elas.

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