Reino Unido cobra indústria musical por remuneração

O governo do Reino Unido publicou uma resposta ao relatório sobre a Remuneração do Criador divulgado em meados de 2024 pelo comitê parlamentar de cultura, mídia e esporte. A resposta inclui uma solicitação de “reforma fundamental do streaming de música, com um pacote de medidas projetadas para tornar o streaming benéfico para todos”. Os representantes do governo britânico destacaram a importância do diálogo interno na indústria musical para abordar as preocupações dos criadores sobre remuneração, mas não descartaram a possibilidade de considerar medidas alternativas, se necessário.

A British Phonographic Industry (BPI) revelou que os novos artistas do século 21 estão liderando o mercado da música no Reino Unido, com quase três quartos das 100 maiores músicas de 2022 sendo lançadas depois do ano 2000. A análise da BPI mostrou que as faixas mais populares dos anos 1970, 1980 e anteriores representaram uma pequena parcela dos streams em comparação com as músicas mais recentes.

Os dados do anuário All About The Music da BPI destacam que as músicas mais reproduzidas na década de 2010 no Reino Unido foram de artistas como Dave, Burna Boy, Ed Sheeran, George Ezra e Harry Styles. A popularidade duradoura dessas músicas ressalta os benefícios do streaming para os artistas, permitindo um crescimento contínuo das receitas ao longo do tempo, em contraste com a venda de downloads ou produtos físicos.

Um aspecto importante analisado pela BPI é o tempo que uma música leva para atingir seu pico comercial após o lançamento. O exemplo de Cat Burns, que lançou “Go” em julho de 2020 e atingiu a terceira posição no ranking britânico apenas em 2022, demonstra como as faixas podem manter seu apelo por um longo período de tempo nas plataformas digitais. Isso evidencia a dinâmica em constante evolução do mercado da música e a forma como o streaming está impactando a indústria fonográfica.

Reino Unido exige ação liderada por sua indústria musical sobre remuneração Foto: The Music Journal Reprodução: https://www.terra.com.br/

O governo do Reino Unido emitiu uma resposta a um relatório sobre a Remuneração do Criador, divulgado em meados de 2024 pelo comitê parlamentar de cultura, mídia e esporte, que incluía uma solicitação de uma “reforma fundamental do streaming de música com um pacote de medidas projetadas para fazer o streaming funcionar para todos”.

Por sua vez, os representantes do governo britânico destacaram que estão transferindo essa responsabilidade para a indústria musical, por meio dos grupos de trabalho estabelecidos pela gestão anterior.

Sir Chris Bryant MP e Feryal Clark MP, em nome do atual governo do Reino Unido, afirmaram que a abordagem preferencial do governo para lidar com as preocupações dos criadores em relação à remuneração na música é através do diálogo dentro da indústria e, apenas quando necessário, por meio de ações lideradas pela própria indústria.

Eles também ressaltaram a possibilidade de considerar medidas alternativas, caso o grupo de trabalho dedicado à remuneração não chegue a um consenso, enfatizando a importância de explorar as questões de remuneração de forma ampla, sem pré-julgamentos sobre os resultados.

A carta do governo deixou claro que não pretendem conceder mais espaço para representantes de músicos no grupo de trabalho e não têm intenção de intervir para fornecer uma parcela maior dos royalties de streaming aos compositores e editores.

Uma análise recente da British Phonographic Industry (BPI) revelou que os novos artistas do século 21 estão dominando o mercado de música gravada no Reino Unido. O hit “As It Was” de Harry Styles lidera a lista das 100 músicas mais ouvidas de 2022, representando 72% das faixas mais populares do ano.

Quase três quartos das transmissões das 15 mil músicas mais reproduzidas do ano foram de canções lançadas após o ano 2000, com um quarto delas sendo de músicas dos últimos dois anos. O levantamento concluiu que apenas 20% das reproduções foram de músicas do século 20, com uma porcentagem ainda menor para faixas das décadas de 1970 e 1960. A música “Running Up That Hill” de Kate Bush, lançada em 1985, foi a única representante dos anos 1980 no TOP 20 de 2022.

De acordo com os dados do anuário “All About The Music” da BPI, as faixas mais populares da década de 2010 no Reino Unido incluíram sucessos como “Location” de Dave e Burna Boy, “Shape Of You” de Ed Sheeran, “Shotgun” de George Ezra, “Watermelon Sugar” de Harry Styles e “Someone You Loved” de Lewis Capaldi, todas presentes no TOP 100 da mesma década.

Uma das principais vantagens da dinâmica do streaming para os artistas, segundo a análise, é a longevidade do sucesso de um novo lançamento, que pode gerar uma demanda contínua ao longo do tempo com reproduções e um crescimento constante da audiência.

Uma observação relevante é o tempo que uma música pode levar para alcançar o pico comercial após o lançamento. Um caso exemplar é o da artista Cat Burns, que lançou o single “Go” em julho de 2020 e só alcançou a segunda posição na Official Singles Chart em junho de 2022, permanecendo como uma das faixas mais reproduzidas no Reino Unido em 2022, ao lado de grandes sucessos como “As It Was” de Harry Styles e “Bad Habits” de Ed Sheeran.

Dessa forma, a presença contínua nas plataformas digitais permite que o apelo musical de uma faixa seja prolongado por um longo período, o que representa uma nova fonte de receita para os artistas, em contraste com a venda de downloads ou produtos físicos, onde a receita é gerada apenas uma vez no momento da compra.

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