Possíveis cenários de invasão ao Líbano após alerta de Israel
Especialistas em conflitos na região afirmam que, mesmo com a persistência dos ataques aéreos, há uma crescente expectativa de que Israel possa intensificar sua presença militar no sul do Líbano com o envio de tropas terrestres em um futuro próximo.
Os recentes ataques de Israel no Líbano estão sendo vistos como uma preparação para uma potencial entrada de tropas terrestres, conforme declarou o chefe do Exército israelense, Herzi Halevi.
Vários caças estão sobrevoando a região, realizando ataques ao longo do dia. As ações têm o objetivo de tanto preparar o terreno para uma possível incursão terrestre quanto para enfraquecer as operações do grupo Hezbollah.
A intensificação do conflito entre Israel e o Líbano tem despertado lembranças da guerra de 2006, que incluiu intensos bombardeios aéreos seguidos de operações terrestres israelenses dentro do território libanês.
Após os ataques do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, o Hezbollah aumentou suas investidas contra Israel a partir do sul do Líbano, resultando em um ano de escalada por ambos os lados.
Diante desse contexto, surge a questão sobre como seria uma eventual invasão israelense ao Líbano e quais seriam suas possíveis consequências. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, reiterou o compromisso de garantir o retorno seguro de cerca de 60 mil residentes que foram evacuados do norte do país devido aos conflitos com o Hezbollah.
Nesta quinta-feira -feira (26/09), ficou evidente que Israel está se preparando para uma incursão no Líbano com o intuito de neutralizar a ameaça representada pelo Hezbollah a esses moradores. Herzi Halevi enfatizou aos soldados a continuidade dos ataques como parte do plano para restituir a segurança no norte de Israel.
Ele destacou que as tropas estão se preparando para manobras terrestres, visando adentrar território inimigo e desmantelar as bases militares do Hezbollah nos vilarejos da região.
No decorrer dos confrontos, a escalada atingiu seu auge na Terça-feira (24/09), resultando na morte de mais de 550 pessoas após intensos ataques aéreos contra alvos atribuídos ao Hezbollah no Líbano. Autoridades locais de saúde reportaram vítimas civis, incluindo mulheres, crianças e profissionais de saúde.
Apesar da continuidade dos bombardeios aéreos, analistas apontam que Israel pode em breve enviar tropas terrestres ao Líbano.
Em guerras anteriores no Líbano, Israel adotou diferentes estratégias em suas operações terrestres, como nas invasões de 1982 e 2006.
Para compreender os possíveis desdobramentos de uma nova incursão, é crucial relembrar o histórico das intervenções israelenses no território libanês.
Em 1982, Israel invadiu o Líbano visando conter incursões palestinas, reduzir a influência síria e buscar um governo mais colaborativo no país vizinho.
Naquele contexto, a invasão foi marcada por grande mobilização militar, incluindo bombardeios intensos e avanços terrestres até as proximidades de Beirute.
A incursão resultou na saída de Yasser Arafat e tropas sírias do Líbano, mas também foi marcada por críticas internacionais devido ao Massacre de Sabra e Chatila.
Já a incursão em 2006 foi mais limitada, concentrando-se em áreas urbanas e mantendo distância do coração do território libanês.
Analistas divergem sobre a estratégia que Israel poderia adotar em uma eventual invasão terrestre.
Enquanto Hisham Jaber sugere que as operações seriam limitadas a áreas específicas na fronteira com incursões pontuais, Yoav Stern argumenta que o foco poderia incluir o sul do Líbano e até mesmo chegar ao Rio Litani, estabelecendo posições estratégicas para negociações futuras.
Essas análises refletem as diferentes abordagens que Israel poderia adotar em uma nova incursão, considerando os desafios e as lições aprendidas com incursões passadas.