Poluição na infância pode afetar economia na idade adulta

Um novo estudo inovador está rompendo barreiras ao analisar a conexão entre a exposição ao PM2,5 – material particulado fino – e as oportunidades econômicas. Esse estudo se destaca ao utilizar minuciosos dados de setores censitários e sofisticadas técnicas de ajuste considerando fatores socioeconômicos e demográficos.

Os autores do estudo, incluindo Luca Merlo, pesquisador da Universidade Europeia de Roma, enfatizam a urgência de estabelecer padrões rigorosos de qualidade do ar a nível nacional Foto: depositphotos.com / VitalikRadko / Perfil Brasil Reprodução: https://www.terra.com.br/

Recentemente, um estudo divulgado na revista científica The Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) apontou que a exposição de crianças a altos níveis de poluição atmosférica por partículas finas (PM2,5) na infância está diretamente relacionada a menores ganhos econômicos na vida adulta. Realizada por pesquisadores da Harvard TH Chan School of Public Health, Harvard John A. Paulson School of Engineering and Applied Sciences, e European University of Rome, a pesquisa se destacou por sua abordagem inovadora ao investigar a influência do PM2,5 nas oportunidades econômicas, utilizando dados detalhados de setores censitários e técnicas avançadas para ajustar fatores socioeconômicos e demográficos.

Os pesquisadores analisaram informações de 86% dos setores censitários dos EUA, concentrando-se em indivíduos nascidos entre 1978 e 1983 e acompanhando seus ganhos econômicos em 2014 e 2015, quando estavam entre 31 e 37 anos de idade. Para mensurar a mobilidade econômica, a equipe utilizou a estatística conhecida como mobilidade ascendente absoluta (AUM), que representa a média da classificação de renda na vida adulta de crianças nascidas em famílias situadas no 25º percentil da distribuição de renda nacional. Os resultados apontaram que quanto maior a exposição ao PM2,5 na infância, menores foram os ganhos econômicos na vida adulta. Especificamente, um incremento de um micrograma por metro cúbico (μg/m3) de PM2,5 em 1982 foi associado a uma redução de 1,146% na AUM em 2015.

Além disso, a pesquisa revelou que os efeitos foram diferenciados em diferentes regiões, com impactos mais acentuados em áreas específicas, como o Centro-Oeste e o Sul dos Estados Unidos. Essa disparidade regional ressaltou a importância de estratégias regionais para redução da poluição do ar e enfrentamento das desigualdades econômicas locais. Os pesquisadores enfatizaram a necessidade de estabelecer padrões de qualidade do ar mais rigorosos em nível nacional e implementar intervenções locais para mitigar a poluição, além de políticas integradas que considerem tanto aspectos ambientais quanto econômicos.

Luca Merlo, um dos autores do estudo e pesquisador da European University of Rome, ressaltou a urgência dessas medidas e destacou que a exposição à poluição durante a infância pode ter impactos significativos no futuro econômico dos indivíduos. Ele salientou que crianças expostas a altos níveis de poluição enfrentam dificuldades para alcançar mobilidade econômica, o que não apenas afeta seu desenvolvimento individual, mas também perpetua ciclos de pobreza e desigualdade. Algumas das recomendações apontadas incluem a adoção de políticas de qualidade do ar mais rígidas e a implementação de ações locais para reduzir a poluição atmosférica, visando a promoção de uma sociedade mais equitativa e saudável.

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