Polícia desarticula milícia e reduz presença na Cracolândia
Pessoas com problemas de dependência química se surpreenderam com a chegada de viaturas policiais ao local onde estavam e rapidamente se dispersaram, buscando refúgio em diferentes áreas do centro da cidade.
A megaoperação realizada nesta terça-feira, dia 6, pelo Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público Estadual (MPE), impactou significativamente o movimento na Cracolândia, região conhecida por ser controlada pelo Primeiro Comando da Capital (PCC).
O fluxo de usuários de drogas estava consideravelmente reduzido em comparação com dias anteriores, devido à Operação Salus et Dignitas (Segurança e Dignidade), que visa desmantelar uma milícia composta por guardas municipais e policiais militares. Essa milícia estaria envolvida na venda de proteção a comerciantes contra a ação de criminosos e usuários de substâncias ilícitas na área.
Por volta das 11h, um assistente social da Prefeitura ficou surpreso com a situação ao chegar na Rua dos Protestantes, ponto de concentração dos usuários. “Nossa, como está vazio hoje”, comentou ele. Comerciantes locais relataram que, mesmo não sendo o alvo principal da operação, os dependentes químicos se assustaram com a presença das viaturas durante a manhã, levando muitos deles a se dispersarem para outras regiões.
A vendedora Maria Antônia Barbosa, de 22 anos, testemunhou uma correria entre os usuários por volta das 7h30, quando as primeiras viaturas chegaram à região. Diante da movimentação policial, os usuários se assustaram e se afastaram, sem relatos de saques a comércios durante a dispersão.
Ao chegar na área de Santa Ifigênia por volta das 10h30, a reportagem observou diversos lojistas nas calçadas acompanhando os desdobramentos da operação. Alguns mencionaram que a ação foi relativamente discreta, com várias viaturas mantendo os sinais luminosos desligados para não chamar a atenção.
A megaoperação mobilizou 1,3 mil agentes, cerca de 400 viaturas e um helicóptero. Estão sendo cumpridos 117 mandados de busca e apreensão, com a participação de 105 policiais civis, mil policiais militares, 150 policiais rodoviários federais, 25 promotores e agentes do Ministério Público Estadual, além de procuradores do Trabalho e fiscais das Receitas Estadual e Federal.
A Justiça determinou o sequestro de diversos estabelecimentos, incluindo hotéis, cortiços, hospedarias, estacionamentos e ferros-velhos, assim como a interdição de 44 locais que serão emparedados. Além disso, foram decretadas a prisão de cinco envolvidos na milícia formada por guardas municipais e policiais militares, juntamente com dois indivíduos ligados aos negócios do PCC na região.
A operação continua em andamento, com o objetivo de desarticular atividades ilícitas e garantir a segurança e a ordem na região central de São Paulo.