Médica brasileira lutou por negros em universidades antes das cotas
Iracema de Almeida, uma das precursoras da presença feminina negra no cenário da Medicina brasileira, desempenhou um papel fundamental ao abrir portas e possibilitar oportunidades para centenas de profissionais negros no país. Sua contribuição não se limitou apenas a isso, sendo reconhecida como pioneira nos estudos sobre a anemia falciforme no Brasil. Contudo, apesar de sua importância histórica, a trajetória marcante de Iracema de Almeida ainda é pouco difundida e reconhecida nos dias de hoje.
“Dizemos com muito orgulho e responsabilidade: nós somos brasileiros vivos. Não queremos mais, queremos o igual”, discursou a médica Iracema de Almeida (1921-2004) na Câmara de Vereadores de São Paulo, em 11 de outubro de 1976.
Ela falava como presidente do Grupo de Trabalho de Profissionais Liberais e Universitários Negros (GTPLUN), fundado em 1972 com o propósito de promover a ascensão econômica da população negra através da profissionalização.
A médica se destacava por sua postura combativa em plena ditadura militar, desafiando a ideia de “democracia racial” que era difundida oficialmente na época.
A advogada Raphaella Reis, uma das netas de Iracema, relembra a determinação da avó em romper com preconceitos e barreiras raciais, destacando um episódio em que Iracema enfrentou discriminação em um órgão público devido à sua cor de pele.
Indignada com a situação, Iracema lutou por igualdade e foi pioneira na luta pela profissionalização e representatividade negra no Brasil.
A médica foi comparada pelo professor e poeta Eduardo de Oliveira a uma figura inspiradora para a geração negra, semelhante ao Frei David, fundador da Educafro.
Apesar de sua atuação marcante, Iracema de Almeida não é amplamente reconhecida no cenário nacional, mesmo dentro do movimento negro brasileiro.
Nascida em 1921, em uma família negra de classe média em São Paulo, Iracema enfrentou desafios e preconceitos ao longo de sua trajetória.
A médica foi uma das primeiras mulheres negras a se formar em Medicina no Brasil e se dedicou ao estudo da anemia falciforme, enfermidade prevalente na população negra.
Seu engajamento político gerou controvérsias, especialmente por sua associação com o regime militar, mas seu legado na luta pela valorização e saúde da comunidade negra permanece como um marco histórico.
A vida de Iracema de Almeida é um exemplo de determinação e superação, representando uma importante figura na história da profissionalização e representatividade negra no Brasil.”