Impacto das queimadas no Brasil desde 1985
Dados revelam a extensão das áreas queimadas e suas consequências no país
Desde 1985, um quarto do território brasileiro foi atingido por queimadas, totalizando 199,1 milhões de hectares, o equivalente a mais de cinco vezes o território da Alemanha. Segundo a organização MapBiomas, essa extensa área queimada está intimamente ligada à abertura de áreas para cultivo e pasto, destacando a ação humana como principal fator desencadeador desses eventos.
Os dados mostram que quase dois terços da área afetada pelo fogo é de vegetação nativa, e cerca de 60% de toda a área queimada é propriedade privada, evidenciando a relação direta entre as queimadas e a atividade agrícola. Além dos danos à cobertura vegetal e ao equilíbrio ambiental, as queimadas contribuem significativamente para o efeito estufa, liberando o carbono armazenado na biomassa para a atmosfera.
A Região Norte do Brasil concentra quase metade (46%) da área queimada, com destaque para os estados de Mato Grosso, Pará e Maranhão. Os municípios de Corumbá (MS), São Felix do Xingu (PA) e Formosa do Rio Preto (BA) foram os mais afetados durante esses anos. As queimadas são mais frequentes na estação seca, entre julho e outubro, com setembro responsável por um terço do total de ocorrências.
Cerrado e Amazônia são os biomas mais impactados, representando juntos cerca de 86% da área queimada no período analisado. Enquanto o Cerrado é mais preparado para incêndios, a alta frequência de queimadas debilita o ecossistema, dificultando o combate ao fogo. Já na Amazônia, a vegetação não adaptada ao fogo intensifica a degradação ambiental e ameaça a biodiversidade local.
No Pantanal, a situação é crítica, com 9 milhões de hectares queimados, correspondendo a 59,2% de sua área total. Os incêndios intensos são agravados por secas prolongadas, como ocorrido no ano passado, quando mais de 600 mil hectares foram queimados.
QA gestão ambiental e o controle do desmatamento ajudaram a diminuir as queimadas até a primeira década dos anos 2000 As mudanças climáticas, com secas severas, tornaram o terreno mais propenso a incêndios descontrolados. O desafio de proteger as áreas naturais do Brasil contra as queimadas se torna cada vez mais urgente e complexo.