IA no K-pop gera polêmica entre fãs

Há uma nova discussão em curso entre os fãs de K-pop: a utilização da inteligência artificial na produção de músicas e vídeos. Importantes artistas desse gênero musical estão explorando a tecnologia como uma ferramenta criativa, como é o caso da boy band Seventeen.

A banda de K-pop Seventeen vem fazendo experiências com IA, segundo admite seu membro Woozi (o terceiro, da direita para a esquerda) Foto: Getty Images / BBC News Brasil Reprodução: https://www.terra.com.br/

Uma nova discussão tomou conta dos fãs de K-pop: a relação com a inteligência artificial. Grandes estrelas do gênero musical estão adotando a tecnologia para a criação de vídeos musicais e composições, como é o caso da boy band Seventeen. Em 2020, o grupo sul-coreano alcançou a incrível marca de 16 milhões de álbuns vendidos, conquistando seu lugar entre os maiores sucessos da história do K-pop. Contudo, foi com o lançamento de seu mais recente álbum e single, “Maestro”, que o uso da inteligência artificial chamou a atenção.

No videoclipe, uma cena gerada por IA chama a atenção, enquanto Woozi, um dos membros da banda, revelou estar “experimentando” a IA na composição de músicas durante o lançamento do álbum em Seul, capital sul-coreana. Ele enfatizou a importância de se desenvolver junto com a tecnologia, em vez de resistir a ela, mencionando que praticou com IA para entender seus aspectos positivos e negativos. Ainda que tenha afirmado que todas as músicas do Seventeen são escritas e compostas por humanos, a discussão entre os fãs do K-pop se intensificou.

Alguns fãs acreditam que novas regulamentações devem ser estabelecidas antes que o uso generalizado da inteligência artificial se torne comum, enquanto outros, como Ashley Peralta, estão mais receptivos. Para ela, se a IA pode ajudar os artistas a superar bloqueios criativos, não há problema. Entretanto, expressa preocupação com a eventual perda de conexão entre fãs e artistas se álbuns inteiros forem compostos por IA. A autenticidade e emoções transmitidas pelas músicas são valorizadas pelos fãs de K-pop, o que leva Peralta a questionar a influência da IA nesse processo.

Profissionais da produção musical, como o produtor Chris Nairn, conhecido como AZODi, que escreve para artistas de K-pop, destacam a natureza inovadora da indústria musical sul-coreana. Ele ressalta a importância de acompanhar a tecnologia, apesar de suas dúvidas sobre a capacidade da IA de criar letras musicais significativas para os principais artistas. Nairn prevê que a pressão dos fãs por músicas pessoais possa resultar em uma abordagem diferente à utilização da IA no K-pop.

O Seventeen não está sozinho nesse novo cenário. Bandas como Aespa, com integrantes criadas por IA, e Supernova também estão explorando o uso da inteligência artificial em suas produções. O impacto da tecnologia na reputação dos grupos e artistas, bem como a potencial perda de autenticidade, são preocupações compartilhadas pelos fãs e especialistas da indústria, como Chelsea Toledo e Arpita Adhya. Enquanto alguns veem na IA uma ferramenta para impulsionar a criatividade, outros temem suas consequências para a identidade artística e o reconhecimento dos músicos.

Em um contexto em que a IA está cada vez mais presente na produção musical, a necessidade de regulamentação e o debate sobre seus limites ganham destaque. Artistas ocidentais e do K-pop estão atentos às ramificações éticas e criativas dessa transformação tecnológica, expressando suas preocupações e defendendo a valorização do talento humano na criação musical. A interação entre fãs e artistas desempenha um papel crucial nesse cenário, influenciando as decisões e evolução do mercado musical. Ao refletir sobre os impactos da IA na indústria, abre-se o caminho para um diálogo construtivo sobre o futuro da música pop sul-coreana e suas relações com a inovação tecnológica.

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