Guarda Civil Metropolitana se une ao PCC para manter Cracolândia

Uma investigação conduzida pelo Ministério Público, revelou que membros da Guarda Civil de São Paulo e da polícia estavam envolvidos em uma complexa rede de atividades comerciais ilegais.

Na foto, agente da guarda civil municipal patrulha a Cracolândia Foto: TABA BENEDICTO / ESTADÃO / Estadão Reprodução: https://www.terra.com.br/

Uma investigação conduzida ao longo de mais de um ano pelo Ministério Público de São Paulo revelou que membros da Guarda Civil Metropolitana (GCM) estavam envolvidos em esquemas de colaboração com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) na Cracolândia, trocando propinas por serviços ilícitos.

Segundo as informações levantadas pelo Ministério Público, os guardas civis metropolitanos moviam usuários de drogas para áreas comerciais específicas, cobravam dos comerciantes valores mensais para retirá-los e deslocá-los para outras regiões comerciais. O promotor de Justiça Lincoln Gakiya destacou que era oferecido um serviço de segurança privada camuflado, visando proporcionar uma falsa sensação de tranquilidade aos comerciantes, embora na prática estivessem agindo como milícia.

A atuação da organização criminosa não se limitava a esses atos. Testemunhas relataram que membros da GCM, em conluio com um policial, antecipavam informações sobre operações policiais aos traficantes. Além disso, as investigações apontaram que o grupo se beneficiava da exploração da mão de obra dos usuários de drogas, obrigando-os a trabalhar em ferros-velhos ilegais. Hotéis eram utilizados como centros de armazenamento de entorpecentes, configurando verdadeiros “QG do crime”. A Favela do Moinho, localizada na região central de São Paulo, tornou-se um ponto estratégico para a milícia, servindo de base para o PCC e como depósito de armas e drogas.

Os guardas citados na investigação, ao serem questionado, negaram veementemente todas as acusações. Por outro lado, a Prefeitura de São Paulo afirmou que não tinha conhecimento da atuação de milícias na cidade e repudiava qualquer tentativa de comprometer a credibilidade da corporação. Ainda assim, anunciou que estava averiguando possíveis casos de enriquecimento ilícito por parte dos agentes públicos municipais.

Conforme apurado pelo Ministério Público, os comerciantes desembolsavam cerca de R$ 50 mil mensais para que a milícia removesse os dependentes químicos das proximidades de seus estabelecimentos, numa tentativa de conter a queda nas vendas na região. Seis comerciantes do centro de São Paulo confirmaram os pagamentos feitos a membros da Guarda Municipal, relatando prejuízos comerciais e a necessidade de subornar os envolvidos para a retirada dos usuários de drogas.

Leonardo Monteiro Moja, conhecido como Leo do Moinho e apontado como o principal traficante da área, foi preso devido às acusações. Sua defesa alega sua inocência e considera a prisão injusta. Em uma operação realizada em 6 de agosto, 48 imóveis foram interditados e 15 pessoas foram detidas na Cracolândia. Entre os presos estavam Renata Scorsafava, Elisson de Assis e Antonio Carlos Amorim, acusados de integrarem a milícia entre outubro de 2019 e janeiro de 2023. Parte do IOPE (Inspetoria de Operações Especiais), uma tropa de elite da guarda civil envolvida em confrontos frequentes, também foi detido. Rubens Alexandre Bezerra, ex-GCM que atuou na Guarda Civil de 2003 a 2019, foi preso sob suspeita de vender armas ao crime organizado. Sua defesa refuta as acusações, alegando que nada ilegal foi encontrado em sua posse.

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