Galípolo aprovado para BC com possível ingerência de Lula
O atual diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, foi indicado pelo ex-presidente Lula para assumir a presidência do Banco Central. Para que ele possa assumir o cargo a partir de janeiro de 2025, sua nomeação precisa ser aprovada pelo Senado.
O economista Gabriel Galípolo caminha para ter seu nome aprovado com tranquilidade pelo Senado nesta segunda feira (07/10) para assumir a presidência do Banco Central no início do próximo ano. No entanto, mesmo com a expectativa de uma aprovação sem grandes obstáculos, há previsão de questionamentos por parte de senadores da oposição sobre a independência que terá em relação ao governo federal para conduzir a instituição. Além disso, existe a possibilidade de membros da base aliada criticarem o novo ciclo de aumento dos juros pelo Comitê de Política Monetária.
Galípolo ocupa desde julho do ano passado o cargo de diretor de Política Monetária do BC, o que pode favorecê-lo na conquista de votos entre os senadores, visto que já passou por uma sabatina semelhante no ano anterior. Sua vivência prévia no Banco Central também é um ponto positivo, demonstrando experiência para assumir o mais alto cargo na hierarquia da instituição.
A capacidade de diálogo com a oposição e o fato de ter realizado reuniões com aproximadamente 65 senadores no mês passado são outros fatores que jogam a favor de Galípolo, facilitando uma votação mais tranquila. Com início previsto para 1º de janeiro, o mandato do próximo presidente do BC terá duração de quatro anos, atravessando os governos atual e futuro, independentemente do resultado das eleições de 2026.
Duas votações são aguardadas para esta terça-feira. Inicialmente, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, onde ocorrerá a sabatina. Caso a indicação seja aprovada, a decisão seguirá para o plenário da Casa, onde será analisada definitivamente. Tanto a sabatina quanto a votação serão secretas, sendo necessária a maioria simples dos votos para a aprovação de Galípolo.
Em declaração à imprensa na manhã desta segunda-feira, (07/10) após encontro com lideranças do Congresso, o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, destacou a importância da sabatina na agenda do governo para a semana. Segundo Padilha, a reunião priorizou a retomada das atividades legislativas, com destaque para a sabatina do indicado ao Banco Central.
Diversos senadores também manifestaram suas opiniões sobre a indicação de Galípolo. Angelo Coronel (PSD-BA), vice-presidente da CAE, prevê uma votação tranquila, sem surpresas. Já Plínio Valério (PSDB-AM), líder do partido no Senado e relator da proposta de independência do BC, acredita que a aprovação do economista ocorrerá com facilidade. Oriovisto Guimarães (Podemos/PR) e Alessandro Vieira (MDB-SE) concordam que o principal ponto da sabatina será a capacidade de Galípolo em demonstrar independência em relação ao governo federal.
Galípolo enfrentará a sabatina em um momento de elevação da Selic pelo Banco Central. Na última reunião, o Copom decidiu elevar a taxa básica de juros de 10,5% para 10,75%, com votação unânime. A expectativa é de que o índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de setembro, a ser divulgado pelo IBGE nesta quarta-feira, apresente aceleração, após leve deflação em agosto. As projeções de diversas instituições financeiras indicam um aumento na taxa anual de inflação, o que reforça a importância da independência e atuação do Banco Central.
Os desafios futuros para Galípolo incluem a pressão por redução dos juros conforme se aproximam as eleições de 2026. O mercado financeiro já projeta uma inflação acima da meta estabelecida para este ano e os próximos, destacando a necessidade de uma atuação firme e autônoma do BC. A aprovação do economista, embora esperada, traz consigo a expectativa de como ele conduzirá a política monetária em um cenário desafiador.