Fernanda Torres fala sobre papel da mãe
A atriz compartilhou detalhes emocionantes sobre os obstáculos enfrentados ao encarnar o papel da esposa de Rubens Paiva, personagem central do filme recém-lançado que já está em cartaz por todo o território nacional desde o último final de semana.
Uma família composta por cinco crianças e um cachorro desfruta de uma vida agitada e movimentada em uma casa ampla de frente para o mar. Amigos frequentam o local, preenchendo a espaçosa mesa de jantar com música, dança e risadas. Nesse ambiente aparentemente perfeito, o diretor Walter Salles cria um cenário grandioso para então derrubá-lo em “Ainda estou aqui”, filme que estreou recentemente por todo o Brasil e que concorrerá ao Oscar como representante brasileiro.
Baseado em uma tragédia real – o desaparecimento do deputado Rubens Paiva durante a ditadura militar em 1971 – o filme aborda a impermanência da vida. Fernanda Torres, que interpreta Eunice Paiva, esposa de Rubens Paiva, compartilha como a atriz enfrenta a transformação vivida pelo personagem após a ausência do marido. O longa também conta com a participação da mãe de Fernanda, Fernanda Montenegro, em um papel que inicialmente era maior, mas acabou sendo reduzido.
Explorando a jornada de Eunice Paiva ao cuidar dos filhos sozinha, buscar o reconhecimento da morte do marido e se especializar em direito indígena, o filme retrata a força e a determinação dessa mulher diante das dificuldades impostas pela vida. A obra é inspirada no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, que detalha a trajetória de Eunice, desde sua independência até ser afetada pela doença.
Em meio às reviravoltas da trama, Fernanda Montenegro surge na cena final, reunindo-a mais uma vez com Walter Salles quase três décadas após colaborarem em “Central do Brasil”. O reconhecimento do filme pela crítica e a representação do Brasil no Oscar, com Fernanda Montenegro indicada como primeira latino-americana na categoria de melhor atriz, dão destaque à produção.
Após ser premiado no Festival de Veneza, “Ainda estou aqui” foi escolhido para concorrer ao Oscar, com as indicações aguardadas para janeiro de 2025. A expectativa em torno da premiação é alta, mas Fernanda prioriza o retorno do público brasileiro às salas de cinema. Ela acredita que o filme tem o potencial de despertar o interesse e a curiosidade do público, sendo uma obra que ressoa com diferentes espectadores, independentemente de sua posição política.
Fernanda encontra paralelos entre sua própria maternidade e a jornada de Eunice Paiva, destacando a força e a sensibilidade envolvidas no papel de mãe. O filme reflete não apenas a realidade da personagem, que enfrenta desafios inesperados ao criar seus filhos sozinha, mas também evidencia a luta por justiça e reconhecimento do passado obscuro do país.
A investigação conduzida pela Comissão Nacional da Verdade revelou os suspeitos envolvidos no desaparecimento e assassinato de Rubens Paiva durante a ditadura militar. Embora a Justiça tenha aceitado a denúncia contra ex-integrantes do sistema de repressão, a batalha por justiça ainda persiste, com desdobramentos judiciais que se prolongam ao longo dos anos. O desfecho desse caso emblemático permanece aguardado, ecoando as cicatrizes de um passado doloroso que busca reconciliação e reconhecimento.