Estudo revela divergências entre CEOs e conselheiros em 400 empresas do Brasil

Um estudo realizado pela Fundação Dom Cabral trouxe à tona importantes insights sobre como a percepção da importância do compliance varia entre diferentes organizações. Os resultados da pesquisa destacam a relevância do setor de compliance no contexto empresarial atual, evidenciando a sua influência na cultura organizacional e na tomada de decisões estratégicas.

Governança corporativa deve ser prioridade, e medidas como criar códigos de conduta não são caras ou proibitivas para pequenas empresas Foto: Tiago Queiroz/Estadão / Estadão Reprodução: https://www.terra.com.br/

A importância de um conselho dentro de uma empresa para aumentar a governança e o valor de uma companhia foi destacada em uma pesquisa realizada pela Fundação Dom Cabral em parceria com a Neo Executive Research.

Neste estudo, que ouviu CEOs, sócios e conselheiros de 400 empresas, tanto de capital aberto quanto de capital fechado, 76% dos entrevistados concordaram que a existência de um conselho e de estruturas de governança sólidas contribui para elevar o valor da empresa como um todo.

Entretanto, a pesquisa apontou que há divergências entre CEOs e conselheiros quanto ao impacto real do conselho e seu funcionamento ideal. Mônica Rocha de Carvalho, professora associada da Fundação Dom Cabral, ressaltou que, embora os CEOs e presidentes vejam o conselho como um órgão que deveria assessorar na formulação da estratégia, eles também sentem que a presença desse órgão pode burocratizar e interferir em sua atuação.

Do ponto de vista dos conselheiros, o trabalho desempenhado por eles é valorizado e considerado fundamental para a empresa, ressaltando a importância de receberem todas as informações necessárias por parte da alta gestão.

A dinâmica entre as partes envolvidas indica que cada uma tende a valorizar seu próprio papel, mas para o bom funcionamento da empresa, é essencial haver um entendimento mútuo e definir que tipo de conselho é mais adequado, bem como quais outras instâncias de governança podem ser implementadas.

No Brasil, as empresas de capital aberto são obrigadas a ter conselhos administrativos, com responsabilidades fiduciárias, enquanto as empresas de capital fechado, principalmente as familiares, têm a opção de contar com conselhos consultivos, que sugerem diretrizes sem necessariamente impô-las aos gestores.

Um ponto relevante destacado na pesquisa é que empresas menores e familiares costumam contar com mais mulheres nos conselhos, sendo estas normalmente sócias, acionistas ou membros da família proprietária.

Além disso, o estudo mostrou que empresas de maior porte e com mais tempo de mercado tendem a ter conselhos de administração há mais tempo, com estruturas de governança mais consolidadas, envolvendo também outros órgãos de controle, como Conselhos de Sócios e Fiscal.

A presença de conselheiros independentes também é apontada como essencial, sendo valorizados aqueles com experiência executiva, boa reputação, formação específica para o cargo e conhecimento do segmento econômico da empresa. No entanto, a pesquisa ressalta que a busca por esses perfis pode limitar a diversidade e a inclusão de novos talentos nos conselhos.

A pesquisa ainda destaca a importância de outras estruturas de governança, como auditorias externas e sistemas de compliance, que auxiliam na tomada de decisão, monitoramento e transparência nas empresas. Empresas menores, mesmo as familiares, podem se beneficiar de políticas claras e código de conduta bem estruturados, não sendo necessariamente uma exclusividade das grandes corporações.

Em suma, a pesquisa evidencia que a presença de um conselho e boas práticas de governança são fundamentais para o desenvolvimento e a sustentabilidade das empresas, independentemente de seu porte ou estrutura societária, indicando que a profissionalização e a transparência são pilares essenciais para o sucesso a longo prazo.

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