Estudo aponta 400 mil crianças sem moradia na Europa em 2023
Milhões de crianças na União Europeia e no Reino Unido enfrentaram condições precárias de moradia em 2023, aponta relatório divulgado pela Fundação Abbé Pierre e pela Federação Europeia de Associações Nacionais que Trabalham com Desabrigados (Feantsa). Cerca de 400 mil crianças estavam em situação de sem-teto, enquanto quase 14,5 milhões viviam em moradias com problemas estruturais.
Quase um quinto da população de menores de 18 anos na União Europeia e no Reino Unido se encontrou abaixo da linha da pobreza, conforme apontado por um relatório recente sobre exclusão residencial na Europa. Mais de 1,2 milhão de pessoas acabaram por dormir nas ruas, abrigos ou alojamentos temporários. O estudo, elaborado pela Fundação Abbé Pierre e pela Federação Europeia de Associações Nacionais que Trabalham com Desabrigados (Feantsa), revelou que cerca de 400 mil crianças viviam sem teto na UE e no Reino Unido em 2023, lançando luz sobre uma problemática social alarmante.
A pesquisa divulgada nesta quinta-feira (19/09) destacou que no ano anterior, aproximadamente 14,5 milhões de crianças na Europa habitavam moradias com problemas estruturais, como goteiras, umidade ou mofo, enquanto cerca de um em cada quatro menores residia em locais superlotados. Para ampliar a dimensão do problema, quase 15,6 milhões de jovens na UE viviam abaixo da linha da pobreza, destacando a Romênia como o país com a maior taxa de risco de pobreza ou exclusão social infantil (39%), seguida pela Espanha (34,5%) e Bulgária (33,9%). Por outro lado, Holanda (14,3%), Finlândia (13,8%) e Eslovênia (10,7%) apresentaram as menores taxas.
Além disso, os dados apresentados pela Fundação Abbé Pierre e Feantsa revelaram que em 2023, mais de 1,2 milhão de pessoas na União Europeia e no Reino Unido viviam em situação de rua, abrigos noturnos ou alojamentos temporários. O estudo ainda ressaltou a associação entre a precariedade e a pobreza energética nos países europeus, apontando que os preços de energia aumentaram significativamente entre janeiro de 2021 e dezembro de 2023, conforme dados do Eurostat.
Durante esse período, os preços de eletricidade e gás tiveram acréscimos de 35,8% e 61,3%, respectivamente, enquanto os combustíveis líquidos tiveram alta de 71,2% e os sólidos de 73%. Como resultado, um em cada dez domicílios europeus (e mais de um em cada cinco entre os mais pobres) enfrentaram pobreza energética no ano passado. Espanha e Portugal lideraram a lista dos países com maior proporção de domicílios com dificuldades para aquecer no inverno ou refrigerar adequadamente no verão, seguidos pela Bulgária e Lituânia.
Os custos com moradia também tiveram um aumento expressivo na Europa entre 2020 e 2023, com uma média de crescimento de 16,6%. Hungria, Lituânia e Estônia foram os países mais afetados, enquanto a Finlândia foi a única nação a registrar uma queda nesse indicador. Os menores aumentos nos custos de moradia foram observados em Chipre, Alemanha e Itália. A problemática da pobreza infantil e da exclusão residencial requer atenção e ações urgentes por parte dos governos e da sociedade como um todo para mitigar esses impactos sociais devastadores.