Estatísticas revelam 300+ casos de violência política no Brasil em 2024

Estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) revelou que a maioria dos casos registrados envolveu ocorrências de agressão física.

Urna eletrônica e seção eleitoral na cidade de São Paulo, em 06 de outubro de 2024, primeiro turno das eleições municipais Foto: WILLIAN MOREIRA/ATO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO Reprodução: https://www.terra.com.br/

O Brasil registrou um número recorde de casos de violência política durante as eleições de 2024, de acordo com um levantamento realizado pelo Grupo de Investigação Eleitoral da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Giel/Unirio). Entre julho e setembro deste ano, pelo menos 338 casos de violência foram registrados, durante a corrida eleitoral para os cargos de prefeitos e vereadores. Mais da metade desses casos envolveram violência física, como o ataque a tiros sofrido pelo prefeito de Taboão da Serra, José Aprígio da Silva (Podemos), quando estava dentro de um carro na última sexta-feira, 18 de outubro. Aprígio foi hospitalizado no Hospital Israelita Albert Einstein e, até a noite de sexta, seu estado de saúde era considerado estável.

Dentre os casos de violência política analisados pelo grupo da Unirio, 88 foram atentados, sendo que em 55 deles as vítimas sobreviveram, enquanto em 33 houve fatalidades. O levantamento, presente no 19° Boletim do Observatório da Violência Política e Eleitoral, considerou episódios de violência cometidos contra políticos detentores ou não de mandatos. Isso englobou vereadores, prefeitos, secretários, governadores, candidatos e ex-ocupantes de cargos públicos, deixando de fora os casos de violência contra eleitores. No cenário da campanha de 2024, a maioria das vítimas era composta por lideranças sem cargo público, totalizando 166 pessoas no geral. Homens representaram a maioria dos alvos (71%), seguidos por pessoas entre 40 e 59 anos (52%) e com ensino superior (61%).

O estado de São Paulo liderou o ranking de casos de violência política, em virtude de sua alta densidade populacional, registrando 58 ocorrências entre julho e setembro. Diversos partidos políticos sofreram atentados, independentemente de sua orientação ideológica, totalizando 25 siglas afetadas. União Brasil, PT e MDB foram algumas das legendas mais visadas. O estudo também revelou que, em comparação com eleições anteriores, o ano de 2024 superou em número de casos de violência política. Em 2022, foram contabilizados 263 episódios, destacando-se os confrontos entre eleitores de Jair Bolsonaro (PL) e Lula (PT). Já durante as eleições municipais de 2020, foram documentados 235 casos de violência política.

Felipe Borba, coordenador do Giel e professor da Unirio, ressaltou que a violência tende a aumentar durante os períodos eleitorais, especialmente mirando os cargos locais, sobretudo em municípios menores. Isso se deve ao caráter mais personalizado das disputas nesses locais, que muitas vezes são menos pautadas por questões ideológicas e mais ligadas à busca por recursos. O professor mencionou que o crescimento do número de casos pode ser influenciado pelo aprimoramento na cobertura jornalística ao longo dos anos, juntamente com o crescente foco na temática da violência política nos meios de comunicação recentemente.

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