Espanha continua busca por vítimas após enchentes históricas
O trágico acidente causou a perda de 95 vidas, e infelizmente as autoridades estimam que este número ainda pode crescer à medida que as investigações avançam. A situação é devastadora e tem causado profunda comoção na comunidade local.
As equipes de resgate continuam as operações nesta quinta-feira (31/10) em busca de vítimas das devastadoras inundações que assolaram a Espanha, consideradas as piores em mais de 50 anos, resultando na trágica perda de pelo menos 95 vidas e deixando várias pessoas desaparecidas. O primeiro-ministro Pedro Sánchez ressaltou a gravidade da situação ao afirmar que a emergência meteorológica ainda persiste.
Mais de mil militares foram mobilizados, principalmente na região de Valência, no leste do país, juntamente com bombeiros, policiais e equipes de resgate, trabalhando incansavelmente para encontrar possíveis sobreviventes e remover os destroços causados pela tempestade. O balanço mais recente divulgado pelas autoridades aponta 95 mortes, sendo 92 na Comunidade Valenciana, a região mais afetada, e outras vítimas nas regiões de Castilla-La Mancha e Andaluzia.
O ministro de Política Territorial, Ángel Víctor Torres, admitiu que o número de vítimas tende a aumentar devido aos diversos desaparecidos. A ministra da Defesa, Margarita Robles, confirmou a existência de muitas pessoas desaparecidas, ressaltando a prioridade em encontrar sobreviventes em áreas especificas atingidas pelas enchentes, como Paiporta e Masanasa, onde há relatos de pessoas presas em garagens e porões.
Paiporta, localizada na periferia sul de Valência, foi uma das cidades mais afetadas pelas intensas chuvas que causaram inundações, resultando em mais de 40 mortes, incluindo uma mãe e seu bebê arrastados pela correnteza. O primeiro-ministro Pedro Sánchez e o rei Felipe VI pediram à população que permaneça em casa para garantir a segurança, diante da continuidade do fenômeno meteorológico.
O governo espanhol decretou três dias de luto e anunciou que a região será declarada como zona de catástrofe, visando agilizar a liberação de recursos para reconstrução. A presidente da Comunidade Valenciana, Carlos Mazón, também prometeu uma ajuda de emergência de 250 milhões de euros para os afetados pelas inundações. Nesta quinta-feira, a falta de energia elétrica ainda afetava milhares de pessoas na região e várias rodovias permaneciam bloqueadas devido aos destroços.
As chuvas torrenciais provocaram um cenário de destruição e caos, deixando comunidades inteiras isoladas e enfrentando uma realidade assustadora. O residente Eliu Sánchez descreveu a noite de pesadelo vivida em Sedaví, onde testemunhou pessoas sendo arrastadas pela correnteza, destacando a dimensão da tragédia.
Entre terça e quarta-feira, várias cidades da região receberam quantidades alarmantes de chuva, com picos acima de 300 milímetros e máximo registrado em Chiva, 491 mm, equivalente a um ano de precipitação. O episódio foi classificado como as “inundações do século” pela imprensa espanhola, que passou a questionar a reação das autoridades diante dos alertas meteorológicos.
A região da Comunidade Valenciana e a costa mediterrânea da Espanha são frequentemente afetadas pela “gota fria” durante o outono, fenômeno meteorológico que traz chuvas intensas em curtos períodos. Os cientistas alertam para a intensificação e frequência cada vez maior de eventos climáticos extremos, como essas tempestades, atribuindo tais fenômenos às mudanças climáticas. Ernesto Rodríguez Camino, membro da Associação Meteorológica Espanhola, destacou que eventos de chuvas intensas e destrutivas tendem a se tornar mais recorrentes e intensos no contexto das mudanças climáticas.