Elevação de Preços e as expectativas de inflação para 2025

Recentemente, tem sido observada uma intensificação das influências, tanto domésticas quanto internacionais, sobre o índice inflacionário. No entanto, é importante ressaltar que existem elementos positivos que podem contribuir para as medidas adotadas pelo Banco Central e pelo governo.

O Brasil vive um momento de altas taxas de juro e inflação persistente. O BC tem outros instrumentos além da Selic – Imagem: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil e Redes Sociais Reprodução: https://www.cartacapital.com.br/

O clima de incerteza em relação ao real, as pressões para cima provenientes do aumento do dólar e a reprovação recorde ao governo Lula acima de 50% acenderam alertas em Brasília quanto às dificuldades de controle da inflação, que se torna fundamental no ano que está por vir. O levantamento Focus do Banco Central apontou aumento nas expectativas de inflação para 2025, pela sexta semana consecutiva, alcançando 4,34%, e para 2026, pela quarta semana seguida, atingindo 3,78%. Com a persistência das projeções em alta, as estimativas dos agentes de mercado devem se aproximar da meta de inflação no curto prazo.

As incertezas no cenário internacional, especialmente em relação às políticas econômicas do governo de Donald Trump e a intensificação da guerra comercial entre Estados Unidos e China, tendem a aumentar a volatilidade do mercado cambial. Conflitos armados como os da Ucrânia, Rússia e Oriente Médio podem impactar negativamente a estabilidade econômica global, dificultando a gestão da política monetária no Brasil. A intensificação de eventos climáticos extremos, tanto no país quanto no mundo, também preocupa, podendo elevar os preços dos alimentos e diminuir a eficácia da taxa de juros como instrumento de controle da inflação.

Segundo o economista Rafael Ribeiro, da UFMG, a incerteza em relação à política fiscal do governo federal pode abalar as expectativas de inflação. Perder a confiança na capacidade do governo de controlar os preços pode levar a um aumento das expectativas inflacionárias, complicando o trabalho do Banco Central. É fundamental uma atuação conjunta do governo, pois colocar toda a responsabilidade no BC pode não ser eficaz a longo prazo.

A possibilidade de retomar intervenções no mercado de câmbio pode ajudar a estabilizar a taxa de câmbio e reduzir a pressão inflacionária, diminuindo a necessidade de manter juros altos. Apesar da mudança na presidência e diretoria do BC, não se espera uma alteração substancial na condução da política monetária, o que representa desafios significativos.

Para o economista Bruno De Conti, da Unicamp, a gestão da inflação exigirá atenção especial ao cenário cambial pela nova direção do BC. A possibilidade de coordenação com setores impactados negativamente pela política atual pode levar a uma flexibilização na atuação do BC, reduzindo a pressão por aumentos na taxa de juros. A administração cambial é vista como fundamental para evitar volatilidades excessivas e garantir algum controle sobre a situação.

O economista Antônio Corrêa de Lacerda, da PUC-SP, destaca o desafio da nova diretoria do BC diante de uma taxa Selic elevada e expectativas de inflação persistentes. A postura mais pragmática da presidência e dos novos diretores do BC pode contribuir para enfrentar esses desafios, junto com a possível reversão do câmbio e a diminuição das pressões inflacionárias. A atuação dos bancos públicos, como o BNDES, também é citada como um ponto positivo no combate à inflação.

Diante do contexto de incertezas, a expectativa é que o BC recorra a intervenções no mercado de câmbio para lidar com a volatilidade. O economista Nathan Caixeta ressalta a aversão ao risco das instituições financeiras internacionais e a necessidade de respostas mais assertivas diante da desaceleração da economia dos EUA. A mudança na política de preços da Petrobras é vista como um fator positivo, aliviando as pressões inflacionárias.

A busca por um ambiente econômico mais estável e a possível reversão no cenário cambial são apontadas como cruciais para a redução da inflação. A atuação conjunta e coordenada do governo, somada a medidas assertivas no mercado financeiro, será essencial para enfrentar os desafios econômicos vindouros. A mudança de paradigmas no controle inflacionário é um tema em debate não só no Brasil, mas também no cenário internacional, em busca de novas estratégias diante das complexidades atuais.

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