Economista destaca poder de Musk em plataformas digitais
A busca pela maximização dos lucros, que historicamente tem impulsionado o sistema capitalista em todo o mundo, está cedendo espaço para um conceito mais antigo e menos voltado para a acumulação de riquezas: a renda. Esse fenômeno, que remete às práticas econômicas da Idade Média, sugere uma mudança de paradigma nas relações econômicas atuais, onde a ênfase no enriquecimento individual dá lugar a uma valorização do usufruto de recursos e bens.
Conhecido e respeitado economista grego, Yanis Varoufakis fez uma análise profunda acerca do sistema tecnofeudal contemporâneo, identificando Elon Musk como figura central. Para Varoufakis, Musk personifica o tecnofeudalismo, combinando habilidades técnicas excepcionais com exibições públicas extravagantes. Segundo o economista, a aquisição do Twitter por Musk não foi apenas mais um capricho de um bilionário, mas sim um movimento representativo do novo paradigma tecnofeudal.
Varoufakis argumenta que as transformações que conduziram ao tecnofeudalismo substituíram os mercados tradicionais por plataformas digitais, as quais funcionam de maneira semelhante aos feudos medievais. Nesse contexto, o lucro cedeu lugar à renda, gerando uma nova estrutura de poder. Enquanto os antigos detentores do capital continuam a extrair lucros do trabalho assalariado, hoje estão subordinados a uma nova classe dominante: os proprietários das plataformas digitais.
O bilionário George Soros alertou, durante o Fórum Econômico Mundial de 2018 em Davos, sobre os perigos dos monopólios das plataformas digitais, apontando que tais empresas podem ameaçar a inovação, o funcionamento dos mercados e até as liberdades individuais. Soros previu a necessidade de novas regulamentações e regras fiscais para lidar com essa questão.
O livro “Phenomenology of The End”, de Franco Bifo Berardi, explora as mudanças provocadas pela Economia das Plataformas, destacando a transição do lucro capitalista para a renda feudal. Berardi também analisa o impacto desse modelo nas condições de trabalho, apontando para uma relação precária e alienante que as plataformas estabelecem com os trabalhadores.
Berardi enfatiza que as plataformas digitais têm se expandido para diversos setores, modificando a dinâmica do tempo livre, intensificando o trabalho e precarizando as condições laborais. Essas empresas passaram a desempenhar um papel fundamental na economia, controlando não apenas os aspectos econômicos, mas também influenciando o comportamento e a psique das pessoas.
O conceito de “automação psíquica”, descrito por Berardi, evidencia como os indivíduos são moldados e condicionados pelas interfaces tecnológicas presentes na sociedade contemporânea. Esse processo tende a substituir a consciência e o pensamento crítico por reações simplistas e automáticas, gerando uma homogeneização comportamental e cognitiva.
A análise do tecnofeudalismo das plataformas ressalta a aceleração do tempo e a redução do espaço como características marcantes das economias contemporâneas. Diante do fluxo constante de informações e da influência das redes sociais, as pessoas buscam refúgio em crenças simplistas e reações automáticas, o que impacta negativamente a consciência e a expressão individual.
Por fim, o alerta de Roberto Finelli em seu livro “Filosofia e Tecnologia” destaca o potencial das novas tecnologias em restringir a democracia e a discussão dialógica, ao mesmo tempo em que impõem automatismos que buscam padronizar o comportamento humano. Essa reflexão levanta questões importantes sobre o papel das tecnologias digitais na sociedade atual.
O conteúdo aborda de forma aprofundada o fenômeno do tecnofeudalismo na contemporaneidade, trazendo análises de renomados pensadores sobre as transformações econômicas e sociais causadas pela ascensão das plataformas digitais.