Diversidade climática em São Paulo: fumaça, poeira, chuva e vento
Uma intensa massa de ar frio alcançou o estado de São Paulo, trazendo consigo uma significativa alteração nas condições climáticas. A chuva resultante da frente fria trouxe alívio para o calor intenso que vinha sendo sentido na região, além de contribuir para a redução dos focos de incêndio. No entanto, especialistas alertam que essa melhora nas condições climáticas poderá ser passageira. Imagens capturadas destacam a chegada desse fenômeno meteorológico e a sua influência sobre o ambiente local.
Tudo junto e misturado
Os moradores de São Paulo experimentaram neste sábado, 21 de setembro de 2024, condições climáticas dramáticas e diversas
Fumaça encobrindo o estado, possíveis incêndios ardendo no interior, alerta de poeiras sendo sopradas pelo vento forte, frio e calor se alternando em diferentes regiões, além da “faxina” provocada por uma chuva intensa que faz com que as fuligens que pairem no céu se depositasse sobre quintais e veículos. Esse fenômeno, conhecido como chuva “preta”, já havia ocorrido em outras ocasiões quando a região paulista foi tomada por fumaça
O contraste térmico intenso deve ser resultante da chegada de uma forte frente fria destes últimos dias em São Paulo provocando rajadas de vento intensas, que levantam muita poeira. As grandes nuvens de chuva que se aproximam do estado na tarde deste próximo sábado também contribuem para as fortes rajadas de vento. Registros apontam rajadas de 80 km/h na base aérea de Pirassununga, 62 km/h no aeroporto de Ribeirão Preto e 61 km/h em Viracopos, na região de Campinas. O Instituto Nacional de Meteorologia constatou rajadas de vento de 73 km/h em Piracicaba e Pradópolis, 63 km/h em São Simão e Ariranha, e 60 km/h nas regiões de São Carlos, Avaré e Cachoeira Paulista
Ao mesmo tempo, o vento forte levanta poeira em alguns locais, dispersando a fumaça em outros e atiça e propaga ainda mais as chamas em algumas áreas podendo ser atingidas por incêndios. Com um total de 3175 focos em 23 dias, São Paulo registra até agora o maior número de incêndios para o mês de setembro desde 1998, quando teve início a série histórica de monitoramento de queimadas pelo INPE. As imagens de satélite capturaram grandes quantidades de fumaça pairando sobre o estado
A quantidade de fumaça vem sendo tão significativa que chega a confundir os radares meteorológicos, que geralmente detectam a presença de chuva. No dia 13 de setembro de 2024, os focos de incêndio no interior de São Paulo estavam tão intensos que os radares interpretaram a fumaça como nuvens de chuva, gerando manchas verdes nas imagens. Essa situação foi evidenciada nos radares meteorológicos de Bauru e Presidente Prudente. Enquanto as manchas no Paraná representavam precipitação, as manchas sobre São Paulo refletiam a fumaça
Na tarde de sábado, as temperaturas extremas também chamaram a atenção, com 36°C em Ribeirão Preto e 15°C em Presidente Prudente. Esse forte contraste térmico foi causado pela influência da frente fria que avançou sobre o estado. No final da tarde, o ar polar já havia derrubado as temperaturas em grande parte do território paulista
Após dias de umidade relativa do ar abaixo de 20% e temperaturas acima da média para o mês de setembro, chegando a 32°C, muito acima do usual, São Paulo finalmente recebeu uma forte precipitação. Na sexta-feira, a fumaça que pairava sobre a cidade resultou em um céu e um sol avermelhados. No entanto, no sábado, a temperatura não ultrapassou os 22°C, com previsão de máxima em torno de 14°C para o domingo. Existe a possibilidade de estabelecer um novo recorde de menor temperatura máxima do ano, que atualmente é de 14,3°C, registrado em 10 de agosto
A chuva intensa que caiu sobre São Paulo no final da tarde do último domingo proporcionou uma limpeza completa, lavando a atmosfera e trazendo para o chão a fuligem que estava no céu. Esse fenômeno pôde ser observado nos carros cobertos por resíduos após a precipitação. A chegada de uma forte frente fria a São Paulo resultou em um brusco declínio nas temperaturas, aguaceiros e ventos fortes. A chuva, além de aliviar os incêndios e o calor, contribuiu para assentar a poeira e melhorar a qualidade do ar por alguns dias. Contudo, a previsão aponta que o calor retornará em meados de Setembro, pois a entrada da nova estação Primavera aumenta novamente o risco de incêndios no estado.