Copom justifica alta gradual dos juros por economia aquecida

O Banco Central reafirma sua postura em relação aos próximos passos a serem tomados em relação à taxa Selic e ao volume total de elevação das taxas de juros, enfatizando que tais decisões serão pautadas pelo compromisso sólido de conduzir a inflação para a meta estabelecida.

Projeções do BC para a inflação de todos os anos estão abaixo das medianas do mercado Foto: André Dusek/Estadão / Estadão Reprodução: https://www.terra.com.br/

BRASÍLIA – O Comitê de Política Monetária (Copom) reafirmou, na ata da sua mais recente decisão, que os próximos ajustes na taxa básica de juros e a magnitude total do ciclo de aumento serão determinados pelo seu compromisso firme com a convergência da inflação à meta estabelecida. O comunicado, divulgado pelo Banco Central nesta terça-feira, detalha os motivos que levaram à realização do primeiro aumento da Selic no terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva.

O Copom destacou um cenário caracterizado por resiliência na atividade econômica, pressões no mercado de trabalho, hiato positivo do produto, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas, que demandam uma postura mais contracionista da política monetária. O colegiado aumentou a taxa Selic em 0,25 ponto percentual na semana passada, elevando-a para 10,75% ao ano. O relatório Focus indicou perspectivas de novos aumentos, com previsão de Selic em 11,75% ao ano em janeiro de 2025 e altas de 0,25 a 0,5 ponto percentual nas próximas reuniões.

A ata aponta que os ajustes na taxa de juros estarão condicionados à evolução da inflação, projeções de inflação, expectativas do mercado, hiato do produto e balanço de riscos. O Banco Central manteve as projeções de inflação, com estimativas para o IPCA acumulado em quatro trimestres e fechamento do índice em 2024 e 2025.

O Copom dividiu em três dimensões a discussão sobre a condução da política monetária que resultou no aumento da Selic. O comitê destacou a importância de um início gradual do ciclo de aperto, considerando as incertezas nos cenários interno e externo. Além disso, debateu sobre o ritmo e a magnitude do ajuste da taxa de juros, bem como a comunicação a ser adotada.

O documento ressaltou a importância de uma política fiscal crível para ancorar expectativas de inflação e reduzir os riscos financeiros. O Copom alertou para os desafios do cenário externo e reforçou a necessidade de cautela diante da menor sincronia nos ciclos de política monetária entre os países.

No cenário doméstico, o BC destacou o dinamismo da atividade econômica e do mercado de trabalho, que levou a uma reavaliação do hiato do produto para o campo positivo. A inflação medida pelo IPCA e as expectativas de inflação para os próximos anos também foram mencionadas como fatores importantes na condução da política monetária.

O Copom salientou a volatilidade da taxa de câmbio entre as últimas reuniões e reiterou que não há relação direta entre a política monetária americana e a definição da taxa de juros no Brasil. A incerteza global e movimentos cambiais bruscos exigem maior prudência na condução da política monetária interna, conforme destacado no documento.

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