Autoridade Palestina culpa Hamas por guerra em Gaza
Tentativas de mediação lideradas pelo Egito e outros países árabes ainda não foram eficazes na resolução dos conflitos de interesses entre o grupo Hamas e Israel. Apesar dos esforços empreendidos, as diferenças na administração do poder entre as partes envolvidas permanecem sem solução.
O líder da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, responsabilizou Israel e os Estados Unidos por um ataque que resultou na morte de dezenas de pessoas na Faixa de Gaza no último sábado (13). No entanto, Abbas também atribuiu ao Hamas a culpa pela guerra contínua na região. Essas declarações evidenciam a crescente tensão entre o grupo Fatah, liderado por Abbas, e o Hamas, que acusou o líder palestino de se aliar a Israel. O ataque, segundo Israel, visava eliminar o chefe militar do Hamas, Mohammad Deif, e outro comando de alto escalão. Ainda não está claro se Deif ou o outro comandante foram mortos no ataque, que deixou pelo menos 90 palestinos mortos e 300 feridos, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza.
Em uma declaração divulgada por seu gabinete, Abbas afirmou: “A liderança palestina condena o massacre e considera o governo israelense totalmente responsável, bem como a administração dos EUA, que fornece todo tipo de apoio à ocupação e seus crimes”. Entretanto, ele também atribuiu parte da responsabilidade ao Hamas, ressaltando um ataque ocorrido em Israel em 7 de outubro, que resultou na morte de 1.200 pessoas e no sequestro de cerca de 250, desencadeando assim nove meses de guerra em Gaza. Abbas declarou: “A liderança vê que, ao fugir da unidade nacional e fornecer pretextos gratuitos para o Estado de ocupação, o movimento Hamas é um parceiro que assume a responsabilidade legal, moral e política pela continuação da guerra israelense de genocídio na Faixa de Gaza”.
O controle de Gaza está nas mãos do Hamas desde 2007, quando o grupo tomou o território costeiro dos apoiadores de Abbas. O líder do Hamas, Sami Abu Zuhri, interpretou a declaração de Abbas como um alinhamento da Autoridade Palestina com a ocupação. Ele afirmou à Reuters que essa postura não terá sucesso em pressionar ou chantagear a resistência. As tentativas de mediação árabe, lideradas pelo Egito, ainda não foram capazes de reconciliar as disputas de poder entre os dois lados. Outro líder do Hamas, Basem Naim, que esteve envolvido em negociações anteriores de reconciliação com o grupo Fatah de Abbas, responsabilizou o líder palestino pelo fracasso em alcançar um acordo de unidade.
Naim acusou Abbas de tornar ele e sua autoridade “parceiros do inimigo sionista e de seus crimes, não apenas em Gaza, mas em toda a Palestina”. A tensão entre Fatah e Hamas, aliada à interferência de Israel e dos Estados Unidos, continua a complicar o cenário político na região, ameaçando a unidade palestina e a busca por uma solução pacífica para o conflito.