Atleta condena ataques de gênero na Olimpíada
Caster Semenya, a renomada atleta sul-africana bicampeã olímpica de atletismo, demonstrou emoção ao testemunhar a conquista da medalha de ouro pela atleta argelina Imane Khelif. A sensibilidade e o reconhecimento de Semenya em relação ao feito de Khelif ressaltam a irmandade e o apoio mútuo que permeiam o mundo do esporte de alto rendimento. Essa demonstração de solidariedade entre competidoras destaca a importância do respeito e da admiração entre os protagonistas do cenário esportivo, independentemente de nacionalidades ou históricos individuais.

Caster Semenya é bicampeã olímpica no atletismo Reprodução: https://www.cnnbrasil.com.br
A bicampeã olímpica de atletismo Caster Semenya se emocionou ao assistir ao boxe na Olimpíada de Paris. Ela se comoveu com a saga da lutadora argelina Imane Khelif, que enfrentou uma tempestade de abusos e alegações sobre seu gênero, algo que Semenya conhece bem. Segundo a sul-africana, que conversou com a CNN, vivenciar situações semelhantes de discriminação pode ser solitário e desafiador, deixando-a emocionada com a experiência de Khelif.
Para Khelif, Paris 2024 teve um desfecho feliz: ela conquistou a medalha de ouro na categoria de meio-médios leves, derrotando sua oponente chinesa de forma dominante. No entanto, as alegações sobre seu gênero marcaram sua jornada olímpica, citando uma proibição da Associação Internacional de Boxe de 2023 que a impediu de competir em torneios femininos. Semenya, por sua vez, enfrentou desafios semelhantes devido às regras de 2019 que limitavam os níveis de testosterona em atletas mulheres, mas teve essas normas revogadas pelo Tribunal Europeu de Direitos Humanos no ano passado.
A sul-africana destacou a importância do Comitê Olímpico Internacional (COI) em dar suporte às atletas, baseando a participação delas no gênero registrado em seus passaportes. Essa postura contrasta com a Associação Internacional de Boxe, que baniu Khelif e a boxeadora taiwanesa Lin Yu-ting em 2023. Semenya elogiou a mudança, mas ressaltou a necessidade de uma maior atuação do COI em todos os esportes para assegurar a igualdade e evitar a discriminação.
Além das atletas que enfrentam questionamentos sobre seu gênero e capacidade de competir, Semenya destacou o impacto que tais situações têm em suas famílias. Durante os jogos, o pai de Khelif teve que lidar com a exposição pública de documentos e fotos da filha para provar sua identidade de gênero. Para Semenya, que é mãe de dois filhos, ver a família de Khelif sofrendo com essas questões é doloroso e desumano.
Semenya compartilhou um conselho simples com Khelif antes de sua vitória olímpica: focar no que ela pode controlar e em suas habilidades como atleta e mulher forte. A sul-africana, que possui hiperandrogenismo, ressaltou a importância de superar as controvérsias em torno dos níveis de testosterona e das diferenças no desenvolvimento sexual para poder competir no esporte com igualdade e respeito.