Análise: Tensões na fronteira entre Israel e Líbano indicam possível conflito iminente
Provocações do grupo extremista Hezbollah elevam preocupações de um confronto generalizado
As tensões na fronteira entre Israel e Líbano atingiram níveis alarmantes, levantando o temor de um conflito em larga escala entre o Estado de Israel e o grupo extremista xiita Hezbollah. O aumento das hostilidades entre os dois lados tem sido constante, principalmente desde o início da guerra na Faixa de Gaza em outubro do ano passado. O Hezbollah vem lançando ataques contra cidades israelenses, justificando suas ações em ‘solidariedade’ ao grupo palestino.
A escalada recente de provocações indicou que ambos os lados estão se preparando para um confronto aberto, incluindo a possibilidade de uma invasão israelense no sul do Líbano. O líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, intensificou as ameaças retóricas, chegando a afirmar que nenhum lugar em Israel estaria seguro em caso de um conflito. Ele inclusive mencionou a possibilidade de atacar outras regiões, como a ilha de Chipre e partes do Mediterrâneo, caso esses locais auxiliem Israel.
Além das ameaças verbais, o grupo divulgou um vídeo com potenciais alvos em diversas cidades de Israel, incluindo alvos militares. Ainda houve relatos de que uma bateria do sistema de defesa ‘Domo de Ferro’ teria sido destruída pelos militantes. Em retaliação, caças israelenses realizaram bombardeios que resultaram na morte de um comandante do Hezbollah em uma vila próxima à fronteira.
O governo de Israel também elevou o tom de suas respostas às ameaças do Hezbollah, garantindo estar preparado para qualquer cenário de guerra. Autoridades israelenses alertaram que um conflito aberto teria consequências devastadoras para o Líbano e poderia enfraquecer significativamente o Hezbollah. No entanto, reconhecem que qualquer guerra teria um custo elevado para ambos os lados, dada a força e preparo do grupo xiita.
O Hezbollah é uma força significativa na região, contando com aproximadamente 100 mil combatentes bem treinados e armados. Possui experiência de combate, tendo participado ativamente do conflito na Síria ao lado do regime de Bashar al-Assad. Estima-se que o grupo detém centenas de mísseis de alta precisão, fornecidos pelo Irã, país que mantém laços estreitos com militantes libaneses e o Hamas.
A preocupação com a capacidade do sistema de defesa israelense em conter um ataque massivo vindo do Líbano é evidente, levando o governo dos Estados Unidos a temer um conflito generalizado no Oriente Médio. O presidente Joe Biden tem buscado atuar diplomaticamente, enviando representantes aos dois países para tentar acalmar os ânimos e evitar uma escalada militar.
A população israelense se prepara para um possível conflito, com relatos de que uma guerra total entre os dois lados é praticamente inevitável. Muitos destacam a necessidade de neutralizar a ameaça representada pelo Hezbollah, referindo-se ao conflito de 2006 que resultou em um cessar-fogo e na retirada israelense do sul do Líbano.
Os constantes confrontos têm gerado deslocamentos populacionais, com milhares de pessoas sendo obrigadas a deixar suas casas tanto no norte de Israel quanto no sul do Líbano. Os cidadãos afetados consideram-se refugiados em seus próprios países, ansiando pelo retorno à normalidade. Para garantir a segurança da população civil, Israel defende a criação de uma zona tampão sem presença militar do Hezbollah, uma condição já estabelecida no cessar-fogo de 2006, mas que nunca foi efetivamente implementada pelo grupo extremista.