Alta demanda por cuidadores de idosos em país envelhecido

De acordo com projeções do IBGE, em 2070, mais de 1/3 da população brasileira será composta por idosos. Este aumento significativo na proporção de idosos na sociedade trará consigo desafios e demandas específicas, contribuindo para a valorização do papel dos cuidadores de idosos. Frequentemente invisíveis e atuando em um campo de trabalho não regulamentado, esses profissionais desempenham um papel fundamental no cuidado e bem-estar dos idosos. Diante da perspectiva de um aumento na demanda por esses serviços, é importante considerar políticas que garantam melhores condições de trabalho e remuneração para esses cuidadores, reconhecendo a importância vital de seu trabalho na sociedade.

Entre 2019 e 2023 houve um aumento de 15% no número de cuidadores remunerados no Brasil, segundo a Pnad Foto: Getty Images / BBC News Brasil Reprodução: https://www.terra.com.br/

“Eu sentia um amor muito grande. Não tem nem explicação para o sentimento.” É assim que o cuidador de idosos Rodrigo Rafael de Camargo, de 39 anos, recorda com carinho de Carlos, um idoso com demência que faleceu aos 87 anos em abril deste ano. Rodrigo relembra os momentos em que cuidava de Carlos, descrevendo como o idoso o chamava constantemente, pedindo pequenas ajustes no controle da TV, com o simples intuito de tê-lo por perto. Essa conexão especial entre cuidador e paciente reflete a importância e a demanda crescente por profissionais como Rodrigo em um Brasil que está envelhecendo cada vez mais.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) projetam que em 2070 mais de um terço dos brasileiros serão idosos. A proporção de pessoas com 60 anos ou mais na população brasileira quase dobrou de 2000 a 2023, enquanto a taxa de fecundidade diminuiu. Com o envelhecimento da população, grande parte do cuidado recai sobre os cuidadores de idosos, profissionais essenciais mas muitas vezes invisíveis e não regulamentados. A expectativa é que uma nova política para a profissão seja aprovada em Brasília, visando regular a atividade e possivelmente incluir o cuidado como um serviço no Sistema Único de Saúde (SUS).

Em meio a essa discussão, Rodrigo compartilhou sua história, revelando como uma simples troca de lâmpada em um condomínio mudou sua vida ao se tornar cuidador de Carlos. Ele descreve os desafios e as recompensas de cuidar de um idoso com demência, ressaltando a importância do vínculo e do carinho envolvidos nesse trabalho. Apesar de sua abordagem não convencional, Rodrigo se destaca como um perfil atípico entre os cuidadores de idosos no Brasil, onde a maioria desses profissionais possui um perfil mais próximo ao da empregada doméstica.

Especialistas alertam para os desafios enfrentados pelos cuidadores, ressaltando a importância de uma formação adequada para garantir a segurança e o bem-estar tanto dos profissionais quanto dos pacientes. A falta de preparo pode expor os cuidadores a riscos físicos e psicológicos, especialmente em situações delicadas como a perda de um paciente. A necessidade de regulamentação da profissão e de investimento na formação desses trabalhadores torna-se evidente diante do envelhecimento da população e da crescente demanda por cuidados.

Apesar dos desafios, Rodrigo se mantém firme em sua vocação como cuidador, destacando as transformações positivas que a profissão trouxe para sua vida. Sua história ilustra a importância do cuidado e do afeto no trabalho desse segmento, que desempenha um papel crucial na sociedade brasileira atual e futura. O debate em torno da regulamentação da profissão e da garantia de melhores condições de trabalho para os cuidadores reflete a necessidade de valorização e proteção desses profissionais, cujo papel tende a se tornar cada vez mais relevante em um país que envelhece.

Diante do cenário de envelhecimento populacional e da demanda crescente por serviços de cuidados, a regulamentação da profissão de cuidador se mostra essencial para garantir a qualidade e segurança do cuidado oferecido aos idosos. O governo brasileiro tem papel fundamental nesse processo, através da definição de políticas e iniciativas que reconheçam e valorizem o trabalho dos cuidadores, contribuindo para a construção de um futuro mais justo e acolhedor para a população idosa do país.

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