Demissões no Museu da Diversidade levam a esvaziamento
De acordo com relatos de ex-colaboradores, as demissões no Museu, que permanece fechado desde junho de 2023 sem previsão de reabertura, impactaram de forma desproporcional indivíduos pertencentes à comunidade LGBT+ e racializada. Além disso, esses ex-funcionários afirmam que já estavam sobrecarregados devido ao acúmulo de funções antes mesmo das demissões ocorrerem.
O Museu da Diversidade Sexual, situado em São Paulo e mantido pela Secretaria da Cultura do estado, passou por um cenário conturbado, com a demissão de 12 dos 29 colaboradores no último dia 29. Com essa redução significativa, áreas como educação e museologia ficarão sem nenhum funcionário atuante.
Dos 12 colaboradores dispensados pela Secretaria de Cultura, 10 eram contratados pelo regime CLT e dois desempenhavam funções como estagiários. Segundo relatos dos ex-funcionários à CartaCapital, as demissões foram justificadas pela limitação do orçamento previsto para 2024. Os cortes ocorreram logo após a Secretaria da Cultura levantar questionamentos sobre os salários dos funcionários, que, somados, ultrapassavam o montante estabelecido no orçamento do último quadrimestre de 2023. Apesar de os salários em questão estarem ligados a cargos de direção, os trabalhadores demitidos recebiam valores inferiores à tabela estabelecida pelo Instituto Odeon, que administra o espaço após uma concessão por licitação.
Os ex-funcionários afirmam que as demissões atingiram principalmente pessoas LGBT+ e racializadas, classificando a ação como “LGBTfóbica” e “higienista”, implicando a gestão de Tarcísio de Freitas. Antes das demissões, os funcionários relatam enfrentar desvio e acúmulo de funções para manter seus empregos, enquanto a sede principal do MDS, situada no mezanino do metrô República, permanece fechada.
Desde 2022, o Museu da Diversidade vem enfrentando desafios para manter suas atividades e funcionamento regular. Nesse ano, uma decisão judicial suspendeu o contrato com o Instituto Odeon, mantenedor do museu, por possíveis irregularidades na prestação de contas e uso dos R$30 milhões destinados à instituição para expandir suas instalações. Embora a decisão não tenha determinado o fechamento do museu, a afastamento do instituto responsável impediu legalmente suas operações nos quatro meses seguintes.
Em agosto de 2022, após uma vitória judicial, o museu tentou reabrir com a mostra “Duo Drag”, mas fechou novamente para obras de expansão até junho de 2023. Durante esse período, o espaço principal permaneceu fechado, enquanto o Centro de Referência continuou aberto e sediou exposições menores, marcadas por incertezas. Em outubro do ano passado, uma exposição foi montada para marcar a reinauguração, porém não foi aberta ao público, e desde então não há uma data prevista para a reabertura do local.
Questionada sobre os motivos das demissões no Museu da Diversidade Sexual, a Secretaria de Cultura de São Paulo explicou que está passando por uma reestruturação na equipe para oferecer um “melhor suporte aos visitantes” visando a reabertura do espaço. O Instituto Odeon também corroborou, afirmando que a decisão foi tomada visando proporcionar a melhor experiência aos visitantes, protegendo simultaneamente o bom funcionamento e a saúde financeira da instituição.