Inflação real x inflação percebida – Por Arthur Silveira

Governo quer que 5 kg de arroz custem R$ 20; inflação dos alimentos preocupa Lula. Foto: Portal de Prefeitura Reprodução: https://www.terra.com.br/

Por Arthur Silveira:

A semana foi marcada pela divulgação dos índices inflacionários de Brasil e EUA. Alívio nas duas pontas: Localmente, o IPCA apurado de junho em +0,21%, enquanto o CPI (EUA) apresentou deflação de -0,1%. A demonstração de que a luta contra a alta dos preços parece ter êxito e o tão esperado distensionamento do juro futuro aconteceu. Isto reflete que a primeira redução do juro americano pode acontecer na próxima reunião, em linha com os esperados dados em níveis benéficos por um período. Acontecendo a queda no Norte, teremos a continuidade do afrouxamento por aqui.

Entretanto, apesar dos preços apresentarem controle, é comum vermos que a percepção social destoa do índice. A diferença está na metodologia e racional para apuração e que pode, ou não, refletir o que colocamos no carrinho do supermercado. Exemplo: Se uma caixa de leite custa R$5,00 em janeiro e sobe para R$6,00 em fevereiro, tivemos uma inflação apurada de 20%. Ou seja, as pessoas sentirão que o preço subiu e houve impacto direto no bolso ao diminuir o poder de compra, reduzindo a quantidade de itens que o indivíduo consegue consumir.

Mas o próprio leite, em março, mantém o preço de R$6,00 no litro. Note que a inflação do leite em março foi zero, ou seja, não houve alteração do valor em relação ao mês anterior. Apesar disso, a percepção é de que o poder de compra continua reduzido, justamente porque há a comparação natural com o último preço antes do aumento. Mais um ponto: em abril, o leite caiu para R$5,80, redução de 3,33% no valor (o que implica deflação para o mês de abril). A percepção do indivíduo, entretanto, é de que o valor ainda está alto e o índice de preços não reflete a realidade.

A metodologia de apuração do IPCA (ou de qualquer outro ao redor do mundo) nunca refletirá a exatidão da realidade. Cada classe social tem seu nicho de consumo, bem como idade, sexo, estado civil e outros. O cuidado está em trazer a inflação para uma média que consiga atender ao máximo. O exemplo que mostrei foi justamente para detalhar como a metodologia pode não ser o que sentimos ao ir no mercado. De todo modo, temos visto o arrefecimento ao redor do mundo e naturalmente a queda de juro começa a ganhar tração. Que possa chegar à Selic o quanto antes.

Como diria o saudoso Joelmir Beting:

“Quando os preços sobem, é inflação; Quando descem, é promoção.”

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