A prática da ‘taxa rosa’ e seus impactos no orçamento das mulheres
Um fenômeno conhecido como ‘taxa rosa’ tem chamado a atenção da sociedade, revelando como produtos direcionados ao público feminino muitas vezes são comercializados a preços mais altos do que produtos similares voltados para homens. A diferença de preços não se justifica pela qualidade ou composição dos produtos, mas sim pela estratégia de mercado que envolve a embalagem cor de rosa ou a segmentação por gênero.
Diversas instituições já realizaram análises sobre a ‘taxa rosa’ e chegaram a conclusões semelhantes, evidenciando a existência dessa prática no mercado. Essa discrepância de preços acaba impactando diretamente o orçamento das mulheres, que, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ainda ganham, em média, 17% a menos que os homens. Além disso, cerca de 50,8% dos lares são chefiados por mulheres, e, muitas vezes, são elas que arcam com as despesas relacionadas aos produtos e serviços destinados ao público feminino.
A economista Carla Beni, professora da FGV, ressalta a importância de conscientizar as mulheres sobre a ‘taxa rosa’ e incentivar atitudes de boicote a esses produtos com preços inflacionados. Estudos apontam que itens como aparelhos de depilação estão entre os principais alvos dessa prática, com diferenças de preços significativas entre versões destinadas a mulheres e homens. Por exemplo, um aparelho de depilação de mesma marca e características pode ser vendido com uma diferença de 36% entre as versões feminina e masculina, conforme levantamento da FGV. No estudo realizado pelo Procon de Juiz de Fora, um creme depilatório feminino chegou a ser 15,79% mais caro que o equivalente masculino.
Carla Beni destaca que, ao identificar essa discrepância de preços entre produtos de mesma marca e qualidade, mas direcionados a públicos diferentes, os consumidores podem recorrer aos órgãos de defesa do consumidor, como o Procon, para denunciar a prática abusiva. Afinal, cobrar valores distintos apenas com base no gênero do público-alvo fere princípios constitucionais e os direitos do consumidor. O debate em torno da ‘taxa rosa’ tem sido estimulado pelo Ministério da Justiça, visando combater essa prática e garantir maior equidade nos preços de mercado.