EUA e China retomam diálogo sobre armas nucleares em meio à tensão com Taiwan

Conversas semi-oficiais entre EUA e China foram retomadas após cinco anos, com garantias de Pequim sobre o uso de armas nucleares em relação a Taiwan

Bandeiras de China e EUA em Xangai Reprodução: https://www.cnnbrasil.com.br

Os Estados Unidos e a China retomaram diálogos semioficiais sobre armas nucleares em março, pela primeira vez em cinco anos, com uma abordagem que incluiu garantias por parte da China sobre o uso de armas nucleares em relação a Taiwan. Representantes de Pequim asseguraram aos seus homólogos norte-americanos que não recorreriam a ameaças atômicas concernentes à questão taiwanesa, informaram dois delegados dos EUA envolvidos nas discussões.

Pequim considera Taiwan, uma ilha com governo democrático, como parte de seu território, embora a reivindicação seja rejeitada pelo governo de Taipé. Durante as conversações, os representantes chineses expressaram confiança em suas capacidades em um possível conflito convencional envolvendo Taiwan, afirmando que poderiam prevalecer sem necessidade de recorrer a armas nucleares.

O diálogo, conhecido como Track Two, contou com a participação de cerca de meia dúzia de delegados dos EUA, incluindo ex-autoridades e acadêmicos, e uma delegação de Pequim composta por acadêmicos, analistas e ex-oficiais do Exército de Libertação Popular. As discussões ocorreram em Xangai, e embora o Departamento de Estado dos EUA tenha afirmado que não participou diretamente do encontro, reconheceu sua importância e potencial benefício.

Os EUA e a China encontram-se atualmente em desacordo em diversas questões econômicas e geopolíticas, e as negociações formais sobre armas nucleares entre os dois países, conhecidas como Track One, estão paralisadas desde novembro. No entanto, o Pentágono alertou sobre o aumento no arsenal nuclear chinês e a possibilidade de Pequim considerar o uso de armas nucleares em caso de confronto sobre Taiwan. Esse contexto reflete a crescente atividade militar chinesa na região nos últimos anos, apesar de a China nunca ter descartado o uso da força para reunificar Taiwan.

As conversas do Track Two representam um diálogo de longa data entre as potências nucleares, que foi interrompido após o governo Trump retirar financiamento em 2019. A pandemia da Covid-19 levou a retomada de discussões semioficiais, com a reunião em Xangai abordando detalhes específicos sobre armas nucleares. David Santoro, organizador norte-americano do diálogo e diretor da Pacific Forum, descreveu algumas frustrações durante as negociações, mas destacou o interesse de ambas as partes em continuar as conversas. Novos encontros já estão sendo planejados para 2025, conforme o rumo das discussões sobre segurança e energia se mantém em pauta.

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