BC mantém taxa Selic em 10,5% em meio a críticas de Lula

Decisão do Banco Central gera controvérsias e evidencia independência institucional

Governo tem demonstrado insatisfação com nível de juros mantido pelo Banco Central Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO / Estadão Reprodução: https://www.terra.com.br/

Com a piora das projeções de inflação para este ano e o próximo, a insegurança internacional e a incerteza crescente em relação às contas públicas, os dirigentes do Banco Central (BC) tiveram excelentes justificativas para manter a taxa básica de juros, a Selic, em 10,5%. Além de técnica, a decisão pode ter sido também uma resposta aos novos ataques do presidente Lula ao chefe da instituição, Roberto Campos Neto.

Numa enxurrada de declarações polêmicas, Lula acusou o presidente do BC de ter ‘rabo preso a compromissos políticos’ e de agir para prejudicar o país. A tensão entre o governo e o BC se intensificou, evidenciando a autonomia institucional da instituição financeira.

O presidente Lula demonstrou sua insatisfação com a autonomia operacional do BC, que limita os poderes presidenciais e impõe um obstáculo aos impulsos de um governante voluntarista e mandão. A decisão do BC de manter os juros em 10,5% foi considerada um sinal de independência, pois foi tomada de forma unânime, inclusive com o apoio dos diretores indicados pelo governo petista.

A visita do presidente do BC, Roberto Campos Neto, ao governador bolsonarista de São Paulo, Tarcísio de Freitas, desencadeou críticas por parte de Lula, que questionou as influências sobre a instituição financeira. A independência dos presidentes de bancos centrais em relação aos governantes é um princípio fundamental em países desenvolvidos e no Brasil, visando garantir a estabilidade econômica.

Lula terá que lidar com um BC independente até o fim do mandato de Campos Neto, mostrando que nem mesmo os dirigentes indicados pelo governo têm se mostrado dispostos a obedecer cegamente ao Planalto. A atitude dos dirigentes do BC e do Copom, o Comitê de Política Monetária, evidencia um distanciamento das pressões políticas e um compromisso com a estabilidade econômica do país. Agora, resta ao presidente da República assumir suas responsabilidades de forma disciplinada, para garantir uma gestão financeira prudente e produtiva para o país.

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