O legado de Bruno Pereira e Dom Phillips na luta pela preservação da Amazônia

A força indígena e jornalística em prol da proteção do meio ambiente

Beto Marubo é um dos nomes à frente da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Foto: Mark Conrad / Yale MacMilan Center / Divulgação) Reprodução: https://www.cartacapital.com.br/

Há dois anos, o jornalista Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira foram brutalmente assassinados, deixando um legado de comprometimento com a preservação da Amazônia. Durante as buscas pelos dois, emergiu com força do Vale do Javari, uma região amazônica na tríplice fronteira entre Peru e Colômbia, a voz de Beto Marubo, líder indígena e um dos nomes à frente da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari, a Univaja. Junto a uma centena de indígenas de cinco povos diferentes, eles se empenharam nas buscas pelos desaparecidos, assumindo um papel fundamental diante da letargia do governo.

Beto Marubo, conhecido por sua poucas palavras e olhar duro, expressou seu abalo ao falar sobre Bruno, com quem conviveu e trabalhou por 12 anos. Além da dor, ele manifestou raiva ao relembrar o assassinato do amigo, executado junto com o jornalista inglês por pescadores que invadiam sistematicamente a Terra Indígena Vale do Javari. Beto Marubo levou sua mensagem para além das fronteiras, participando de uma conferência na Universidade de Yale, nos EUA, onde fez um apelo para que a elite intelectual seja mais atuante na defesa do meio ambiente.

Em Yale, Beto Marubo destacou a importância do trabalho dos Guardiões da Floresta, grupo de indígenas do povo Guajajara, no Maranhão, que defende a Terra Indígena Araribóia da invasão de madeireiros. Com 48 assassinatos em menos de 20 anos, os Guajajara enfrentam altos custos por sua atuação, mas enxergam o propósito maior de proteger as terras que consideram essenciais para a sobrevivência da humanidade. Segundo Olímpio Guajajara, as florestas presentes nas terras indígenas podem ser fundamentais para salvar o planeta.

Os povos do Vale do Javari seguiram a mesma estratégia de autodefesa dos Guajajara, incentivados e treinados por Bruno Pereira, contribuindo para a continuidade da luta pela preservação ambiental. Beto Marubo reforçou o pedido para que a plateia de Yale seja atuante na causa, mostrando a importância de agir em prol do meio ambiente e das populações indígenas. O legado de Bruno Pereira e Dom Phillips se mantém vivo nas investigações em andamento e nos esforços contínuos para proteger a Amazônia.

Além das investigações lideradas por jornalistas para dar continuidade ao trabalho de Dom, sua companheira, Alessandra Sampaio, está à frente do recém-criado Instituto Dom Phillips, buscando honrar e expandir o legado deixado por ele. O documentário ‘Relatos de um correspondente da guerra na Amazônia’ é mais uma homenagem ao trabalho de Dom, que segue inspirando ações em defesa da Amazônia e do meio ambiente como um todo.

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