Cidade de 3.500 anos é encontrada no Peru
Arqueólogos no Peru descobriram as ruínas de uma cidade ancestral que remonta a cerca de 3.500 anos, atribuindo o sítio arqueológico à civilização Caral — considerada a mais antiga das Américas do Sul. Nomeada Peñico, essa antiga metrópole teria desempenhado papel fundamental como um centro comercial estratégico, conectando as regiões costeiras do Pacífico aos Andes e à vasta Amazônia. O achado fornece novas e valiosas evidências sobre os complexos sistemas de intercâmbio e interação que existiam na América do Sul pré-colombiana e lança luz sobre aspectos ainda pouco explorados das dinâmicas sociais, econômicas e culturais desse período remoto.

Vista aérea da zona arqueológica, no norte do Peru, onde arqueólogos revelaram Peñico, a cidade de 3.500 anos. Foto divulgada em 3 de julho de 2025. Foto: via REUTERS - CARAL ARCHAEOLOGICAL ZONE / RFI Reprodução: https://www.terra.com.br/
Arqueólogos peruanos realizaram uma descoberta notável ao desenterrar as ruínas de uma antiga cidade que data de aproximadamente 3.500 anos. O local, chamado Peñico, é atribuído à civilização Caral, reconhecida como a mais antiga do continente sul-americano. Essa cidade antiga, conforme apontam os especialistas, teria desempenhado um papel crucial como centro comercial, interligando as regiões do Pacífico, dos Andes e da Amazônia. Tal achado representa um avanço importante no entendimento das sociedades pré-colombianas do Peru, lançando nova luz sobre aspectos históricos pouco explorados.
Situada na província de Barranca, ao norte de Lima, Peñico foi edificada entre 1800 e 1500 a.C., a cerca de 600 metros acima do nível do mar, posicionada sobre um terreno elevado que abrange uma ampla visão do vale. As escavações, iniciadas há quase uma década, revelaram até o momento 18 estruturas distintas, entre elas templos cerimoniais, áreas residenciais e, sobretudo, um centro urbano delineado por uma praça circular. Imagens de drones ajudaram a mapear esses vestígios, evidenciando a complexidade urbanística da antiga comunidade.
Segundo Ruth Shady, que lidera as pesquisas no local, o surgimento de Peñico ocorreu logo após o declínio da civilização-mãe Caral, dizimada por uma intensa mudança climática que converteu áreas outrora férteis em terras áridas. A especialista explica que o caso de Peñico é particularmente interessante porque demonstra a adaptação e resiliência dos povos daquela época diante das transformações ambientais abruptas.
A civilização Caral remonta a cerca de cinco mil anos e é considerada contemporânea a grandes civilizações do mundo antigo, como as do Egito, Índia, Mesopotâmia e China. Notavelmente, Caral floresceu em completo isolamento, sem qualquer contato cultural externo conhecido, erguendo 32 monumentais estruturas e inaugurando os princípios de organização urbana na América do Sul.
Um dos aspectos que mais chamou a atenção dos pesquisadores foi a ausência completa de armas ou muralhas defensivas em Peñico, como relata Ruth Shady. Esse fato leva os estudiosos a crerem que se tratava de uma sociedade pacífica, com forte vocação para o comércio, intercâmbio cultural e atividades religiosas. Os sítios arqueológicos de Peñico evidenciam intensa vida cerimonial, incluindo relevos esculpidos, representações do pututu (antiga trombeta feita de concha marinha), esculturas em argila representando animais e figuras humanas, além de ornamentos como colares de pérolas e conchas.
A localização geográfica estratégica de Peñico favorecia sua função como elo entre povos da costa, das montanhas e da floresta, reforçando sua importância no panorama das rotas comerciais antigas da região. A própria Ruth Shady ressalta essa característica, apontando o sítio como ponto-chave para interações econômicas e culturais à época.
Para compartilhar os avanços dessas pesquisas com o público, está prevista uma apresentação no sítio arqueológico de Peñico, marcada para o sábado, 12 de julho. Na ocasião, serão divulgadas as novas instalações destinadas à promoção do conhecimento sobre a descoberta e detalhes das últimas explorações. Quem tiver interesse em participar pode encontrar informações sobre ingressos e a visitação no site oficial do governo peruano: https://www.zonacaral.gob.pe/ruta-caral/penico.html.