Interpol prende 2.500 em operação contra tráfico humano

A operação internacional denominada “Liberterra II” foi realizada em um total de 116 nações ao redor do mundo.

Foto: Ozan KOSE/AFP Reprodução: https://www.cartacapital.com.br/

A Interpol anunciou nesta quarta-feira (06/11) a realização da sua maior operação contra o tráfico de seres humanos, que resultou na detenção de mais de 2.500 pessoas e no resgate de mais de 3.000 vítimas em potencial em diferentes partes do mundo, desde fazendas na Argentina até boates na Europa. A operação, denominada “Liberterra II”, foi conduzida em 116 países e territórios no período compreendido entre 29 de setembro e 4 de outubro, conforme comunicado emitido pela organização com sede em Lyon, no leste da França.

Entre as 3.222 vítimas resgatadas, constam menores de idade submetidos a trabalhos forçados em fazendas argentinas, mulheres migrantes encontradas em boates na Macedônia do Norte, pessoas em situação de rua no Iraque e trabalhadoras domésticas no Oriente Médio. Os resultados da operação incluem a identificação de 17.793 migrantes em situação ilegal e a prisão de 2.517 pessoas, sendo 850 delas detidas por envolvimento com tráfico de seres humanos ou migrantes, de acordo com informações preliminares divulgadas pela Interpol.

A organização internacional de cooperação policial ressaltou que o tráfico de seres humanos e de migrantes está cada vez mais associado a outras modalidades criminosas, frequentemente utilizando as mesmas redes e rotas para ampliar os benefícios e a influência dos grupos criminosos. Durante a operação, foram localizados centros de fraude online que exploravam as vítimas, como o caso de um armazém nas Filipinas onde mais de 250 pessoas, em maioria chinesas, estavam envolvidas em esquemas de fraudes sentimentais em larga escala.

Segundo a Interpol, as vítimas são atraídas por falsas promessas de emprego e mantidas sob coação e abusos. No Mali, por exemplo, a ação permitiu identificar 24 mulheres do Togo que estavam sendo retidas à força e obrigadas a participar de fraudes comerciais, após terem sido enganadas com promessas falsas de emprego no exterior. No contexto internacional, na Costa Rica, a líder de uma seita foi presa sob acusações de exploração de menores, trabalho forçado e violência física e psicológica.

O Brasil também teve sua participação no desmantelamento de atividades criminosas relacionadas à exploração de migrantes em situação irregular. Uma investigação sobre uma rede de tráfico de drogas revelou que seus integrantes estavam envolvidos em auxiliar migrantes a atravessar as fronteiras rumo aos Estados Unidos. O secretário-geral da Interpol, Jürgen Stock, que está encerrando seu segundo e último mandato, destacou a importância da ação coordenada para combater essas ameaças persistentes.

Jürgen Stock será sucedido pelo brasileiro Valdecy Urquiza, durante a assembleia geral anual da Interpol, que está ocorrendo atualmente na cidade escocesa de Glasgow. Stock enfatizou que os grupos criminosos organizados continuam explorando homens, mulheres e crianças em busca de lucro, destacando a necessidade de uma abordagem unificada para enfrentar essa realidade preocupante e garantir a proteção das vítimas dessas práticas desumanas.

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