PF indicia ‘Colômbia’ por assassinato de Bruno Pereira e Dom Phillips

Uma investigação detalhada revelou que o crime teve como motivação principal a intensa atuação da dupla em prol dos direitos indígenas e da preservação ambiental na região do Vale do Javari. Essa conclusão reforça a importância do trabalho desses ativistas e ressalta a urgência da proteção da vida e dos territórios indígenas frente a interesses que visam minar tais esforços.

O Indigenista Bruno Araújo e o jornalista Dom Phillips. Foto: Daniel Marenco | Reprodução Reprodução: https://www.cartacapital.com.br/

A Polícia Federal finalizou as investigações relacionadas ao assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, que ocorreu em 5 de junho de 2022, na terra indígena Vale do Javari, no Amazonas. O desfecho do inquérito foi divulgado nesta segunda-feira, 4 de novembro.

Após uma extensa apuração ao longo de dois anos, a PF confirmou que as mortes foram decorrentes das atividades de fiscalização ambiental e defesa dos direitos indígenas desempenhadas por Bruno Pereira na região. O inquérito apontou que nove pessoas estiveram envolvidas no crime, sendo Rubens Villar, conhecido como “Colômbia”, o principal indiciado e apontado como o mandante, fornecendo munição, financiando atividades de uma organização criminosa local e coordenando a ocultação dos corpos das vítimas. Os demais implicados participaram tanto na execução quanto na ocultação dos corpos.

A investigação também destacou a participação de uma organização criminosa sediada em Atalaia do Norte, no Amazonas, no duplo homicídio. O grupo está associado a ações ilegais de pesca e caça, assim como a uma série de crimes ambientais e ameaças a servidores e comunidades indígenas locais. A atuação desse grupo, descrita pela PF, gerou tensões no Vale do Javari, sendo um dos fatores que levaram aos assassinatos de Pereira e Phillips.

Relembrando os eventos do crime, Bruno Pereira e Dom Phillips desapareceram durante uma expedição de investigação na Amazônia em junho de 2022. Eles foram vistos pela última vez em 5 de junho, na comunidade de São Rafael, e seguiam para Atalaia do Norte em uma viagem de cerca de 72 km que deveria durar aproximadamente duas horas. No entanto, eles nunca chegaram ao seu destino original.

Os corpos de ambos foram encontrados apenas dez dias depois, em 15 de junho, após a prisão de Amarildo da Costa Oliveira, que confessou sua participação no crime e indicou onde estavam os corpos. De acordo com o laudo pericial da PF, Bruno Pereira foi atingido por três disparos (dois no tórax e um na cabeça), enquanto Dom Phillips foi alvejado uma vez no tórax. Após serem mortos, os corpos foram esquartejados, queimados e enterrados.

O relatório final da Polícia Federal foi encaminhado ao Ministério Público Federal, que ficará responsável por apresentar a denúncia formal contra os acusados. Amarildo, Oseney da Costa de Oliveira e Jefferson da Silva Lima já enfrentam acusações de homicídio na Justiça, embora seus julgamentos tenham sido adiados pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região em abril de 2025.

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