Empresas no Brasil adotarão ‘Títulos verdes’ em 2025, indica pesquisa

Uma pesquisa realizada pelo Insper e pela Assetz com diretores financeiros brasileiros revelou que a emissão de ‘green bonds’ e ‘sustainability bonds’ ganhará destaque como o segundo principal foco das estratégias da área financeira nos próximos anos, reforçando o compromisso com a agenda verde e a sustentabilidade.

Natura realizou emissão de debêntures verdes em julho de 2024 Foto: Daniel Teixeira/Estadão / Estadão Reprodução: https://www.terra.com.br/

Mais do que simplesmente planejar investimentos voltados para operações sustentáveis nos negócios, os diretores financeiros (CFOs, na sigla em inglês) das empresas no Brasil estão se preparando para adotar estratégias da “agenda verde” visando à captação de recursos. Segundo a 4.ª edição da pesquisa “O Perfil do CFO no Brasil”, realizada pelo Insper e pela consultoria Assetz e divulgada recentemente, a emissão de títulos de dívida “verdes”, como green bonds e sustainability bonds, figura como a segunda maior prioridade desses executivos nos próximos anos.

Essa iniciativa se destaca como um dos principais enfoques da área financeira no que diz respeito a ações voltadas para a preservação do meio ambiente. A pesquisa revelou que a emissão de títulos “verdes” está à frente de outras prioridades, tais como investimentos em economia circular, energia limpa e renovável, redução de emissões de carbono e projetos de preservação da biodiversidade.

Um exemplo recente dessas práticas é a empresa de energia que emitiu green notes (notas verdes) com vencimento em janeiro de 2035, com taxa de juros de 5,70% ao ano. Os recursos captados com essa emissão serão direcionados para a quitação de dívidas da empresa, gestão do negócio e investimentos em projetos alinhados com o Green Financing Framework da companhia.

Já a Natura, renomada empresa brasileira, efetuou uma emissão de títulos verdes em julho deste ano, emitindo debêntures no formato de sustainability-linked bonds (SLBs) no valor de R$ 1,32 bilhão. A empresa recebeu investimentos da International Finance Corporation (IFC) e do BID Invest, contribuindo com R$ 300 milhões e R$ 200 milhões, respectivamente, nessa operação. A Natura se comprometeu a utilizar os recursos para promover o desenvolvimento de bioingredientes amazônicos, expandindo sua variedade de 44 para 49 até 2027.

Silvia Vilas Boas, vice-presidente de Finanças e Estratégia da Natura, expressou que o Brasil possui um enorme potencial para liderar internacionalmente esse modelo de negócios que busca conciliar geração de renda com preservação ambiental. A emissão de títulos verdes é uma ferramenta poderosa para alcançar essa meta de ampliar a bioeconomia.

Embora haja uma maturidade ainda a ser atingida no mercado brasileiro em relação à captação por meio de títulos verdes, a crescente preocupação dos CFOs demonstra que há um preparo em andamento. Além disso, a pesquisa revelou que 92% dos diretores financeiros entrevistados afirmaram que suas empresas já estão implementando políticas sólidas de ESG, o que indica um cenário promissor para o avanço dessa estratégia, que tende a ganhar mais consistência com o apoio de instrumentos regulatórios.

A expectativa é que, com a obrigatoriedade das normas internacionais de sustentabilidade, como a IFRS S1 e IFRS S2, as empresas que respondem à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) se ajustem cada vez mais a esse novo cenário. As empresas estão percebendo a necessidade de agir em relação a esse tema, e, assim, o mercado estará mais preparado para lidar com essas questões de forma mais madura no futuro, conforme apontado por especialistas.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *