Governo argentino considera privatização da Aerolíneas para conter greve

A possibilidade de privatização da companhia aérea nacional da Argentina tem suscitado discussões no cenário político do país, especialmente sob a visão do presidente Javier Milei, conhecido por suas posições alinhadas ao liberalismo econômico. A iniciativa de transferir a gestão da empresa para a iniciativa privada é vista como um ponto estratégico para estimular a concorrência e a eficiência no setor aéreo argentino, trazendo reflexos tanto para a economia do país quanto para a experiência dos consumidores.

Presidente da Argentina, Javier Milei. Foto: Tomas Cuesta/AFP Reprodução: https://www.cartacapital.com.br/

O governo argentino emitiu um aviso contundente aos sindicatos aeroviários nesta quinta-feira (19/09) em relação à persistência da greve devido a reivindicações salariais. De acordo com o porta-voz da presidência, Manuel Adorni, caso as paralisações prossigam, a operação da companhia aérea de bandeira, Aerolíneas Argentinas, poderá ser repassada para empresas privadas. Adorni destacou em coletiva de imprensa que o governo iniciou diálogos com diversas empresas privadas latino-americanas com o intuito de assumir a gestão da Aerolíneas Argentinas, se as ações consideradas extorsivas persistirem.

A privatização da empresa aérea argentina tem sido um pedido do presidente Javier Milei, defensor do liberalismo econômico, que incluiu a Aerolíneas Argentinas em uma lista de estatais a serem privatizadas na chamada Lei de Bases. No entanto, tal proposta foi rejeitada e excluída pelo Congresso. Nesse sentido, a alienação das operações poderia ser uma medida intermediária visando a alcançar esse objetivo, uma vez que a privatização requer a aprovação legislativa.

A ameaça do governo surge em meio a um cenário de conflitos de semanas com os sindicatos de pilotos, funcionários de segurança nos aeroportos e outros grupos ligados à aviação, que reivindicam ajustes salariais frente à significativa inflação que atingiu 236% anual em agosto. Os sindicatos reagiram de forma crítica à proposta de reajuste de 3% apresentada pelo governo em agosto, qualificando-a como provocativa.

Além disso, Adorni questionou o direito de greve, destacando que em empresas privadas, os funcionários podem ser demitidos caso interrompam as operações com greves. A intenção do governo é que aqueles que prejudicam milhares de argentinos com tais medidas enfrentem as consequências de seus atos.

A segunda greve do mês, ocorrida na sexta-feira, dia (13/09), durou 24 horas, afetou 319 voos e mais de 30.000 passageiros domésticos e internacionais, acarretando um prejuízo estimado entre 2,5 milhões e 3 milhões de dólares para a empresa. Em resposta às paralisações, o governo declarou por decreto o serviço de transporte aéreo como “essencial”, o que obriga os sindicatos a assegurarem 50% dos serviços em caso de greve.

O anúncio governamental coincidiu com um dia de greves rotativas por faixas de horário em todos os 27 aeroportos do país, embora, segundo a Administração Nacional de Aviação Civil (ANAC), os voos não tenham sido afetados. Apesar das paralisações, a agência afirmou que todos os aeroportos estavam operando com segurança operacional adequada.

Por sua vez, os sindicatos acusaram o governo de buscar o fechamento deliberado da Aerolíneas Argentinas, caracterizando tal ação como um lock-out patronal, visando interromper as operações da empresa para posteriormente culpar os sindicatos e seus trabalhadores.

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