Ex-presidente do BCE alerta sobre economia da UE
Mario Draghi, ex-presidente do Banco Central Europeu (BCE) e ex-primeiro-ministro da Itália, alertou em Bruxelas sobre a necessidade urgente de uma nova estratégia e grandes investimentos na economia europeia para aumentar sua competitividade em relação aos Estados Unidos e China. Em um relatório apresentado na segunda-feira (09/09), Draghi enfatizou que a União Europeia (UE) enfrenta um “desafio existencial” e precisa agir rapidamente para evitar sacrificar o Estado de bem-estar social, o meio ambiente ou a liberdade.
Draghi propõe uma “nova estratégia industrial” para a UE, que inclui acelerar a inovação, reduzir os preços da energia, aproveitar as oportunidades da descarbonização e fortalecer a segurança.
O ex-presidente do Banco Central Europeu (BCE) e ex-primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi, alerta que a Europa enfrenta um momento crítico que remonta à Guerra Fria, e a sobrevivência do continente está em jogo. Em uma coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira (9/09) em Bruxelas, Draghi destacou a urgência de uma nova abordagem estratégica, incluindo investimentos significativos para impulsionar a competitividade e a emissão de dívida conjunta pela União Europeia (UE).
Segundo o relatório apresentado por Draghi, a economia europeia precisa passar por uma grande transformação para poder competir com potências como os Estados Unidos e a China. Ele ressalta a necessidade de acelerar a inovação, reduzir os custos energéticos e explorar oportunidades de descarbonização, além de diminuir a dependência de terceiros e reforçar a segurança do continente. Para atingir esses objetivos, Draghi estima que seriam necessários investimentos adicionais anuais de 750 bilhões a 800 bilhões de euros, o equivalente a quase 5% do Produto Interno Bruto (PIB) da UE.
Uma das propostas mais controversas de Draghi é a recomendação de emissão de uma nova dívida conjunta pela UE, a exemplo do que foi feito durante a pandemia de covid-19. Países como França e Itália apoiam a ideia, mas há resistência de nações como Alemanha e Holanda, que temem contribuições desproporcionais. Consciente das divergências, Draghi destaca que os empréstimos conjuntos só seriam viáveis sob determinadas condições políticas e institucionais.
O relatório de Draghi destaca ainda a fraqueza da UE em setores emergentes, como tecnologia, onde apenas quatro empresas europeias estão entre as 50 maiores do mundo. Ele aponta a necessidade de aumentar investimentos em pesquisa e desenvolvimento, em universidades de ponta e em empresas inovadoras para impulsionar o crescimento futuro do continente. Além disso, Draghi ressalta a importância de tornar a descarbonização uma fonte de crescimento econômico, reduzindo os custos energéticos para os usuários finais e promovendo políticas de energia limpa.
O relatório apresentado por Draghi será fundamental para a definição das prioridades da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que deve apresentar as diretrizes de seu gabinete com base nas recomendações do ex-presidente do BCE. A Europa enfrenta um período prolongado de estagnação econômica, agravado pela crise causada pela pandemia de 2020, em comparação com os Estados Unidos. A urgência de uma resposta unificada e ousada para transformar a economia europeia é evidente, conforme destacado por Draghi em sua apresentação do relatório em Bruxelas.