Sérgio Mendes, aos 83 anos, influenciou a Bossa Nova globalmente

Em determinada ocasião, Mendes expressou sua concepção sobre a música de forma sucinta, destacando que, ao pensar na música brasileira, as palavras que imediatamente lhe vêm à mente são ‘alegria, celebração e festa’. De acordo com ele, tais elementos refletem o espírito do povo de maneira geral.

Nos anos 1960, Sergio Mendes era o artista brasileiro que mais vendia álbuns no mundo Foto: Getty Images / BBC News Brasil Reprodução: https://www.terra.com.br/

Sérgio Mendes, renomado músico e compositor brasileiro responsável por difundir a bossa nova e o samba além das fronteiras nacionais, faleceu aos 83 anos na última quinta-feira (5/09) em Los Angeles, nos Estados Unidos, onde residia. Sua família confirmou o falecimento, destacando que ele partiu “em paz”, ao lado de sua esposa e filhos. Conhecido por suas icônicas regravações, como “Mas Que Nada”, de Jorge Ben Jor, e “The Fool On The Hill”, dos Beatles, Sérgio Mendes deixou um legado musical inestimável, com mais de 35 álbuns lançados, muitos deles alcançando certificações de ouro e platina nos EUA. Em 2012, foi indicado ao Oscar pela coautoria da canção “Real in Rio”, trilha sonora do filme de animação “Rio”.

Embora não tenha sido divulgada oficialmente a causa do falecimento, a família mencionou que Mendes estava lidando com as sequelas de uma longa batalha contra a covid-19. Além disso, desde o final de 2023, o músico enfrentava problemas respiratórios. Sua família enalteceu a contribuição de Mendes em levar “os sons alegres do Brasil para o mundo”, destacando suas últimas performances em casas de espetáculos lotadas e entusiasmadas em Paris, Londres e Barcelona.

Nascido em Niterói, no Rio de Janeiro, Mendes inicialmente aspirava se tornar um pianista de música erudita, tendo estudado piano clássico. No entanto, sua trajetória mudou em 1956, após se encantar com o jazz ao ouvir o álbum “Take Five”, de Dave Brubeck. A partir desse momento, ele mergulhou no cenário musical do Rio de Janeiro, ao lado de artistas como Antonio Carlos Jobim e João Gilberto. Sua estreia fonográfica ocorreu em 1961, com o lançamento de “Dance Moderno” pela gravadora Philips Records.

Em 1964, Mendes deixou o Brasil rumo aos Estados Unidos devido à ditadura militar em vigor, fundando o grupo Brasil ’66, que alavancou sua carreira internacional. Com interpretações jazzísticas de canções brasileiras e versões de sucessos da época, como a famosa “Mas Que Nada”, Mendes conquistou o público global. O músico aprimorou sua fusão de melodias em inglês com ritmos brasileiros, regravando hits de artistas renomados, como Simon & Garfunkel e Otis Redding.

Ao longo de sua carreira, Mendes transitou por diversos estilos musicais, sendo reconhecido com um Grammy em 1992 pelo álbum “Brasileiro”, em parceria com Carlinhos Brown. Sua versatilidade musical o levou a colaborações com artistas de renome, como Black Eyed Peas, Common e Q-Tip. O reconhecimento de sua obra culminou em 2005, quando recebeu um prêmio pelo conjunto da obra no Grammy Latino.

Em sua vida pessoal, Mendes deixa sua esposa, Gracinha Leporace, também cantora e colaboradora em muitos de seus projetos, além de cinco filhos. Seu legado artístico, que se estende por mais de seis décadas, deixa uma marca indelével na história da música brasileira e internacional.

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