Eficiência em debate: oposição x privatização
No (3/09) de setembro, foi oficialmente lançado o MovE – Movimento Eficiência, uma iniciativa que resultou de extensos meses de articulação. O MovE conta com a participação de aproximadamente 50 entidades que representam as variadas carreiras presentes no âmbito do Estado brasileiro.
A palavra “eficiência” parece ter dono no debate público X o setor privado.
Quando se mobiliza todo esse campo de virtudes associadas à eficiência é muito mais provável que se imagine sua materialização em um escritório na Faria Lima que em um gabinete em Brasília.
É a força dessa narrativa que sustenta teses sobre o Estado, como a de que a privatização é o único caminho possível da ineficiência para a eficiência. Já passou da hora de a realidade se impor e expulsar essas falsas ideias.
Deixados de lado os óculos das ideologias, é complicado chamar de eficientes os serviços que têm sido prestados por concessionárias privadas de energia elétrica, por exemplo; assim como é impossível chamar de ineficiente o Programa Nacional de Imunizações que, executado pelo poder público, alcança taxas de cobertura de fazer inveja a países que facilmente caberiam dentro de algum estado brasileiro.
É claro que também existem exemplos que mostram o contrário, e é isto o que deve ficar evidente e destacado: a eficiência não tem dono, não reside exclusivamente no setor público ou no setor privado.
Enquanto a prática da eficiência acontece indiscriminadamente em corporações e no Estado, a apropriação do termo está restrita ao setor privado. Eis um cenário para o setor público refletir e questionar-se.
Neste dia 3 de setembro, após meses de articulação, será lançado o MovE – Movimento Eficiência, uma articulação de cerca de 50 entidades representativas das diversas carreiras do Estado brasileiro, dedicada a transformar radicalmente e positivamente a imagem do serviço público na sociedade. Esperemos para averiguar seu funcionamento.
Por pensarmos que conhecermos o Estado por dentro, nos deparamos com a realidade do sistema de muito perto, e isso não nos impede que sejamos levianos, mas também não nos deixa ser complacentes. Sabemos o que precisa ser reconhecido, protegido e precisamos buscar também o que precisa ser melhorado.
É um debate para ser feito com maturidade, uma construção necessária para que reconheçamos, todos, a necessidade de zelarmos pela nossa rede de proteção social, de percebermos rapidamente a fragilidade de argumentos que atacam as estruturas do Estado e criarmos um ambiente para o debate coletivo que parta do reconhecimento da essencialidade das ações para que os brasileiros vivam dignamente.