Mulher descobre ter sido drogada e estuprada por várias pessoas durante anos
Após a confissão dos crimes por parte de seu marido, Gisèle Pélicot decidiu abrir mão de sua proteção ao anonimato, tornando-se pública e assumindo uma postura de enfrentamento diante dos desafios que surgiram em sua vida.
A mulher francesa, Gisèle Pélicot, de 72 anos, testemunhou no terceiro dia de um julgamento em Avignon, sudeste da França, onde 51 homens, incluindo seu marido, estão sendo julgados por estupro. Os documentos apresentados em tribunal revelaram que o marido de Gisèle, Dominique Pélicot, confessou à polícia que sentia satisfação ao assistir outros homens abusando dela enquanto ela estava inconsciente, após ser drogada por ele. Mesmo diante das contestações de muitos réus, a vítima afirmou perante o tribunal que nunca foi cúmplice desses atos e que nunca fingiu estar dormindo durante os abusos.
O caso chocou a França, em especial porque o julgamento está sendo realizado publicamente. Gisèle abriu mão do anonimato para transferir a “vergonha” de volta aos acusados, segundo sua equipe jurídica. Em seu depoimento, ela expressou sua solidariedade a todas as mulheres que foram vítimas de droga sem seu consentimento, afirmando que nenhuma mulher deveria passar pelo que ela passou. Gisèle relatou a experiência dolorosa de ser confrontada com fotos de si mesma sendo estuprada, algo que a fez perceber a crueldade de sua situação e a traição por parte de seu marido.
Antes dos eventos que levaram ao julgamento, o casamento de Gisèle e Dominique era considerado feliz, apesar das dificuldades financeiras e de saúde que enfrentaram juntos. A descoberta do upskirting cometido por Dominique foi apenas o início de um pesadelo para Gisèle, que posteriormente teve que confrontar a realidade dos estupros que sofreu por mais de uma década. Audiências futuras revelarão mais detalhes sobre como Dominique estabelecia contato com outros homens através de sites de bate-papo sexual para abusar de Gisèle em sua residência.
Segundo a investigação, os homens eram instruídos a chegar até a casa do casal sem chamar atenção, aguardar que os sedativos fizessem efeito em Gisèle, despir-se na cozinha e aquecer as mãos antes de cometerem os abusos. O marido filmava e fotografava as cenas, acumulando um vasto arquivo de evidências. As autoridades apontam que cerca de 200 estupros foram cometidos entre 2011 e 2020, em sua maioria na cidade de Mazan, para onde o casal se mudou em 2013. A revelação desses crimes levou Gisèle a descobrir que havia contraído quatro doenças sexualmente transmissíveis, enquanto Dominique mostrou pouco interesse em sua saúde.
Após duas horas de depoimento no tribunal, Gisèle manifestou a devastação que sentia por trás de sua fachada aparentemente sólida. Ela enfatizou a importância de os acusados reconhecerem seus atos e assumirem a responsabilidade pelo que fizeram, destacando a necessidade de justiça para as vítimas de abuso. O caso continua a chocar a sociedade francesa, colocando em evidência a importância de combater a violência sexual e garantir o apoio às vítimas que lutam por justiça e recuperação.