Estudo aponta R$100 bilhões em custos na energia até 2024
Segundo levantamento realizado pela Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia (Abrave), foram consideradas as perdas técnicas e não técnicas no cálculo, incluindo situações como ligação clandestina, desvio direto da rede e alocação de subsídios. Esse estudo abrangente visa analisar os diversos fatores que contribuem para as oscilações e impactos no setor de energia, demonstrando a importância de se compreender profundamente as causas que afetam o fornecimento e a distribuição de eletricidade no país.
Um estudo divulgado pela Abrace Energia, associação que representa os grandes consumidores, revelou que em 2024, o custo das ineficiências bancadas na tarifa elétrica atingirá o montante de R$ 100 bilhões. Essa análise considerou diversos fatores, como perdas técnicas e não técnicas (como ligações clandestinas e desvios diretos da rede), além da alocação de subsídios que, segundo a entidade, estão em patamares acima do necessário
Esse valor corresponde a mais de 27% de todos os custos do setor elétrico brasileiro, estimados em R$ 366 bilhões, levando em conta despesas com transmissão, distribuição, iluminação pública, entre outros. A Associação divulgou esses números no estudo “Índice Brasil do Custo da Energia”. O presidente da Abrace destaca que são R$ 100 bilhões que não deveriam estar na composição da tarifa de energia, ressaltando a importância de evitar essas distorções
A analista de energia, Natália Moura, explicou que o cálculo foi realizado com base nos reajustes ocorridos até agosto, com projeções para os próximos meses. Diante desse cenário de aumento de custos para os consumidores, a entidade defende a revisão dos descontos para irrigação e fontes incentivadas, o veto às térmicas a carvão, e a transferência, ao longo de dez anos, da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) para o Orçamento da União
Internacionalmente, o Brasil figura entre os países com energia mais cara, de acordo com a Abrace Energia, que se baseou em dados da Agência Internacional de Energia (IEA). Em 2023, o Brasil ocupava o 12º lugar em uma lista de 49 nações, ao lado de países como Senegal, Chad, Cabo Verde, Quênia, Filipinas, Gana, Nicarágua e Nepal. A expectativa do setor é o projeto de “reestruturação” do Ministério de Minas e Energia (MME), que contará com a participação de agentes privados. A elaboração do texto está em fase final, e segundo integrantes, a divulgação está prevista para este mês
A Abrace Energia ressalta que a mudança na bandeira tarifária realizada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) após erros no cálculo não representa insegurança, porém, a associação defende a apuração das razões para as inconsistências nos dados. Recentemente, a bandeira passou de vermelho 2 para vermelho 1 após correção nos dados do Programa Mensal de Operação (PMO), de responsabilidade do Operador Nacional do Sistema (ONS)
Segundo o diretor de energia elétrica da Abrace, é importante investigar a origem do erro no cálculo do preço, sem atribuir insegurança ao processo. Já Paulo Pedrosa, presidente da associação, mencionou a existência de pressões para a adoção de medidas que possam gerar maior urgência e o acionamento de térmicas. Contudo, destacou a necessidade de cautela na interpretação desses cenários
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que a arrecadação acumulada da conta bandeira é superavitária e pode ser usada para cobrir custos extras, acrescentando que o acionamento de térmicas mais caras não é necessário, considerando as já em funcionamento atualmente.