Escola estadual denuncia abuso da Brigada Militar contra professora

Uma professora foi levada à delegacia em uma viatura diretamente da escola, na frente de seus alunos, sem que houvesse sido feita nenhuma denúncia prévia.

Foto: Divulgação / Porto Alegre 24 horas Reprodução: https://www.terra.com.br/

Uma situação inusitada marcou a Escola Estadual de Ensino Fundamental Brasília, localizada no bairro Navegantes, Zona Norte de Porto Alegre. Durante o recreio escolar, uma professora foi conduzida ao DECA (Divisão Especial da Criança e do Adolescente) em uma viatura policial, na frente dos próprios alunos. O motivo alegado foi a suposta má conduta da docente em relação a uma aluna, que é filha de um policial militar integrante da Patrulha Escolar. O caso gerou controvérsias, uma vez que nem o policial nem a mãe da menina haviam feito reclamações prévias à escola antes do ocorrido, que se deu na última quinta-feira (29/08).

O CPERS Sindicato não poupou críticas à ação da Brigada Militar, repudiando o que classificou como um ato abusivo. Segundo o sindicato, a professora foi conduzida de forma coercitiva diante dos estudantes com base em uma denúncia infundada e sem a devida apuração dos fatos. O diretor da escola, Nei Colombo, informou que a professora precisou se licenciar por questões de saúde, ficando afastada por 15 dias de suas atividades. No dia em questão, o pai da aluna compareceu à escola acompanhado da esposa, da filha e de mais três policiais militares em viaturas.

A professora, que naquele momento lecionava para uma turma do sexto ano, foi surpreendida com a convocação para se dirigir à sala dos professores, onde se deparou com os policiais que comunicaram que ela seria encaminhada à delegacia, sem informar a razão exata da acusação. Diante desse cenário, a docente relatou ter sido exposta de forma constrangedora na frente de todos os alunos, tanto na ida quanto na volta do DECA, onde foi orientada a aguardar na sala de recepção sem receber informações claras sobre o procedimento.

Somente após longa espera na delegacia é que a professora teve acesso à documentação da ocorrência, revelando-se frustrada com a falta de diálogo e o suposto cerceamento de seu direito à defesa. Por sua vez, o pai da aluna justificou a denúncia alegando que a professora tratava sua filha de forma inadequada na presença dos colegas, o que teria motivado a decisão de levar o caso até a DECA. Enquanto isso, a professora defendeu sua conduta ao longo do tempo em que leciona na escola, ressaltando a proximidade e o respeito mútuo com os alunos.

A repercussão do episódio foi tão intensa que cem diretores de outras escolas estaduais assinaram um manifesto em apoio à professora e em repúdio ao suposto abuso de autoridade. O CPERS destacou que a presença de monitores militares sem formação pedagógica adequada pode resultar em práticas educativas prejudiciais ao ambiente escolar. A Secretaria de Educação (SEDUC) manifestou que está acompanhando o desdobramento da situação, enquanto a Corregedoria da Brigada Militar ainda não se pronunciou sobre o caso.

Em meio a toda essa turbulência, o diretor da escola, Nei Colombo, sentindo-se ameaçado, dirigiu-se até o 11º BPM para formalizar uma reclamação sobre a abordagem ocorrida. Ele relatou que o processo de registro foi moroso e pouco estimulante, prolongando-se até o final da tarde daquele dia. Além disso, marcou uma reunião com os pais da aluna para ouvir as queixas e tomar as providências necessárias, mas enfrentou dificuldades no desenrolar dos acontecimentos.

Em suma, a comunidade escolar da Escola Estadual de Ensino Fundamental Brasília vive um momento conturbado e marcado por questionamentos sobre os limites da atuação das autoridades policiais no ambiente educacional. Resta aguardar o desfecho das investigações e a possível responsabilização dos envolvidos, numa tentativa de resgatar a tranquilidade e a confiança dentro da instituição de ensino.

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