Endividamento das famílias preocupa BC com crédito em alta

Em um comunicado oficial, o Banco Central alertou para o aumento do nível de “apetite por risco” entre as instituições financeiras e frisou a importância de aprimorar a qualidade das concessões de crédito. O órgão destacou a necessidade de maior cautela e diligência por parte dos bancos na hora de avaliar e autorizar operações que envolvam riscos financeiros, visando a estabilidade e segurança do sistema econômico como um todo. Este posicionamento reforça a importância da responsabilidade e do rigor por parte das instituições do setor financeiro, a fim de garantir operações sustentáveis e saudáveis para a economia.

Foto: José Cruz/Agência Brasil Reprodução: https://www.terra.com.br/

O Comitê de Estabilidade Financeira (Comef) do Banco Central divulgou nesta quarta-feira, (4/09), um relatório que aponta um cenário de crescimento significativo do crédito concedido às famílias brasileiras em todas as modalidades disponíveis. O órgão ressaltou a necessidade de as instituições financeiras manterem a qualidade das concessões, alertando para o aumento do endividamento.

Segundo o Banco Central, houve um alerta em relação ao comportamento dos bancos e demais fornecedores de crédito, que estão demonstrando maior disposição em assumir riscos nas operações de empréstimo para famílias. No entanto, em relação às empresas, embora tenha sido observado um crescimento no volume de crédito concedido, não foram identificadas mudanças significativas nos critérios de concessão.

O relatório também destaca a importância da adoção de tecnologias no setor financeiro, ressaltando a necessidade de que as instituições do Sistema Financeiro Nacional (SFN) fortaleçam seus controles internos e sistemas de gerenciamento de riscos para garantir a resiliência cibernética. Aspectos como prestação de serviços por terceiros, integração de sistemas com outras empresas e governança de dados foram apontados como pontos que merecem atenção especial.

Quanto aos preços dos ativos e ao crescimento do crédito, o Banco Central avaliou que, no médio prazo, não representam preocupações imediatas, embora existam incertezas a serem monitoradas, como os riscos relacionados à atividade econômica e ao endividamento tanto das famílias quanto das empresas de menor porte. O Comef destacou ainda que a exposição do SFN ao risco cambial é baixa e a dependência de financiamento externo é limitada.

No âmbito global, o Comef apontou riscos que podem gerar cenários de reprecificação de ativos financeiros globais. Entre as incertezas destacadas no relatório estão o ritmo da atividade econômica, a extensão do período de juros elevados, os níveis de equilíbrio das taxas de juros no longo prazo, pressões decorrentes de diferencial de juros sobre moedas, desmonte de posições concentradas em ativos específicos, preocupações com a sustentabilidade fiscal e a suscetibilidade dos mercados a eventuais disrupções de oferta.

Com base nas análises do Comef, fica evidente a importância da manutenção da transparência, previsibilidade e credibilidade na condução das políticas monetária, fiscal e macroprudencial como medidas essenciais para mitigar os riscos sistêmicos identificados. As informações fornecidas nesse relatório têm relevância não apenas para o cenário interno, mas também para a perspectiva global, indicando a necessidade de cautela e acompanhamento contínuo diante do ambiente econômico atual.

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