Starlink, de Elon Musk, lidera internet via satélite na Amazônia
Novo levantamento realizado mostra a extensão das operações da empresa liderada pelo magnata na região amazônica, ao passo que o Ibama destaca a preocupação com a utilização da tecnologia para facilitar a prática de crimes ambientais.
A Starlink, empresa de internet via satélite do bilionário sul-africano Elon Musk, conquistou o mercado na Amazônia, se destacando como líder isolada entre os provedores de banda larga fixa por satélite na região. Lançada em setembro de 2022, a empresa já possui antenas instaladas em 90% dos municípios da Amazônia legal até julho de 2023, de acordo com um levantamento exclusivo. Esse avanço é especialmente significativo nas áreas de difícil acesso da região, onde a infraestrutura tradicional de internet não está presente.
A Starlink, ao chegar à região, prometeu levar internet para 19 mil escolas desconectadas em áreas rurais e contribuir para o monitoramento ambiental da Amazônia. No entanto, segundo informações do Ministério da Educação e secretarias estaduais, essa promessa não saiu do papel. Mesmo assim, a empresa já conta com clientes privados em 697 dos 772 municípios da Amazônia legal, de acordo com dados da Anatel analisados em outubro de 2023.
A expansão da Starlink na Amazônia também levanta questões importantes, como a presença recorrente de antenas da empresa em garimpos, conforme informações do Ibama. Imagens mostram as antenas da Starlink junto a armas, munição e ouro recolhidos em operações da Polícia Federal e do Ibama, destacando a conexão da empresa com atividades ilegais na região.
O domínio da Starlink na conexão de regiões isoladas desperta preocupações sobre segurança e soberania nacional, demonstram especialistas do Brasil. A discussão ganha relevância especialmente após a controvérsia envolvendo a dependência ucraniana de antenas da Starlink durante o conflito com a Rússia. A presença da empresa em 697 municípios da Amazônia legal, com apenas um município na faixa de fronteira sem suas antenas até julho do ano passado, reforça o impacto de sua atuação na região.
A Starlink revolucionou o mercado ao lançar uma grande constelação de satélites em baixa altitude, aumentando a velocidade de conexão e possibilitando a chegada da internet em locais remotos e sem infraestrutura local adequada. Essa tecnologia, no entanto, também desperta debates sobre segurança de dados e soberania nacional, levantando questões sobre o controle de comunicações por empresas privadas.
A presença das antenas Starlink em operações de combate ao garimpo ilegal na Amazônia evidencia o uso indevido da tecnologia, facilitando a comunicação entre os garimpeiros e traficantes da região. A tecnologia também trouxe melhorias significativas para comunidades distantes, como indígenas yanomami e moradores de Roraima e Acre, que passaram a ter acesso a serviços bancários e de comunicação facilitados pela internet via Starlink.
A promessa inicial da Starlink de levar internet para escolas desconectadas na Amazônia ainda não se concretizou, de acordo com informações do Ministério da Educação e das secretarias estaduais. A empresa enfrenta críticas e questionamentos sobre sua atuação na região, especialmente diante de práticas ilegais e desafios relacionados à segurança nacional. A rápida expansão da Starlink no Brasil levanta questões importantes que precisam ser acompanhadas de perto.