Nova produção musical celebra a resistência da Flor de Mururé

O renomado artista originário do Pará lança uma obra musical que celebra de forma exuberante a conexão com a espiritualidade e a ancestralidade. Em seu novo álbum, ele mergulha nas raízes culturais e nas tradições que moldaram sua identidade artística, promovendo uma reflexão profunda sobre a herança deixada por seus antepassados. Com uma sonoridade única e letras envolventes, o artista convida seu público a uma jornada emocional e espiritual, ressaltando a importância de manter vivas as histórias e crenças que permeiam sua existência.

Foto: Rafaela Kennedy Reprodução: https://www.cartacapital.com.br/

Flor de Mururé lançou recentemente o álbum “Croa”, após dedicar-se intensamente ao desenvolvimento de seu universo musical, explorando estudos de música e imersão na cultura popular. Em uma entrevista concedida à CartaCapital, o artista explicou que o título “Croa” remete à coroa, à cabeça, ao ori, simbolizando a ideia de possuir maturidade para lidar com os desafios da vida e seguir em frente.

Transgênero, Flor de Mururé deixou a casa dos pais aos 16 anos, em meio a conflitos familiares, e ao mesmo tempo encerrou sua trajetória no renomado Conservatório Carlos Gomes, em Belém, onde dedicou uma década aos estudos de violão, canto coral, violino e flauta. Foi nas ruas da capital paraense que ele encontrou as raízes da cultura popular, especialmente nas rodas de carimbó, manifestações que representam resistência e ganham destaque em uma cidade carente de espaços para tais expressões.

As músicas autorais do álbum combinam elementos de fé com ritmos ancestrais e amazônicos, refletindo a jornada espiritual do artista. Com a produção de André Magalhães, o disco se destaca pela riqueza sonora, incorporando batuques, carimbó, guitarrada, coco e outros ritmos urbanos. Flor de Mururé enfatiza a importância do álbum como um manifesto LGBTQIA+, ressaltando que a simples existência já representa uma forma de protesto e de celebração da vida.

Além disso, o artista destaca a participação de diversos colaboradores no projeto, incluindo artistas transgênero e figuras renomadas da música brasileira, como Tiganá Santana, Bongar, Trio Manari e Manoel Cordeiro. Para Flor de Mururé, ter esses artistas ao seu lado é fundamental para mostrar a força e a diversidade do movimento LGBTQIA+, além de reforçar a importância de se unir em prol da arte e da representatividade.

Flor de Mururé também reflete sobre sua identidade e sua relação com a Amazônia, enxergando a região como uma periferia dentro do Brasil, e a si mesmo como alguém na “periferia da periferia”, um corpo marginalizado enfrentando desafios e conflitos diários. No entanto, ele ressalta que sua motivação vem do amor pela música, que o acompanha por toda a vida e o impulsiona a seguir em frente, mesmo diante das adversidades.

O álbum “Croa” já está disponível nas plataformas de música e foi viabilizado por meio do patrocínio da Natura Musical e do governo do Pará, através da Lei Semear e da Fundação Cultural do Pará. A obra de Flor de Mururé representa não apenas uma expressão artística, mas também um manifesto de resistência, inclusão e amor pela música. Confira a entrevista completa do artista à CartaCapital para mais detalhes sobre sua jornada e seu processo criativo.

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