Site clandestino reúne centenas em busca de pacto suicida no Reino Unido

Recentemente, mais de 700 indivíduos no Reino Unido utilizaram um fórum online como meio de buscar companhia para realizar um ato extremo e fatal. A preocupante situação evidencia a importância de discutir abertamente questões relacionadas à saúde mental e oferecer suporte adequado para aqueles que se encontram em vulnerabilidade emocional.

O filho de Angela Stevens, Brett, cometeu suicídio após anunciar no site que estava em busca de um parceiro Foto: Phil Coomes/BBC / BBC News Brasil Reprodução: https://www.terra.com.br/

Uma investigação da BBC revelou uma chocante realidade no Reino Unido: mais de 700 pessoas utilizaram um site, não identificado, que promove o suicídio para procurar parceiros para morrerem juntos. O site possui uma seção exclusiva para membros em que usuários podem buscar alguém para cometer suicídio em conjunto. Vários casos de suicídios duplos foram relacionados ao “tópico de parceiros” do fórum da plataforma. Além disso, a investigação descobriu que predadores se aproveitaram do site para atingir mulheres vulneráveis.

Um dos casos relatados é o de Brett, filho de Angela Stevens, de 28 anos, que viajou da Inglaterra para a Escócia para encontrar uma mulher com quem havia contato no tópico de parceiros. Após alugarem um Airbnb juntos, ambos tiraram suas próprias vidas. A mãe de Brett, Angela, relatou a saudade e o sofrimento pela perda do filho e alertou sobre a periculosidade do ambiente criado pelo site. Ela descreve o “tópico de parceiros” como um lugar extremamente perigoso, comparando-o a uma versão sombria de aplicativos de relacionamento.

O site não apenas incentiva os usuários a tirarem suas próprias vidas, mas também fornece instruções sobre como fazê-lo. Uma análise da BBC encontrou mais de 5 mil postagens no tópico feitas por pessoas de diferentes partes do mundo. Outro aspecto alarmante é que, em março, mais de 130 britânicos podem ter se suicidado após usar uma substância química promovida pela plataforma. Familiares de vítimas como Helen Kite, que perdeu a irmã Linda no fórum, destacam como o ambiente virtual leva pessoas vulneráveis a um caminho sem volta.

Casos ainda mais perturbadores foram revelados durante a investigação, como o de Craig McInally, que usava o site para se aproximar de mulheres vulneráveis e levá-las ao suicídio. McInally foi condenado por crimes sexuais e violentos e oferecia assistência a jovens suicidas, como Roberta Barbos, que acabou tirando a própria vida após interação com ele. A atuação de predadores no fórum gerou casos de violência e manipulação, evidenciando a gravidade do problema.

A busca por parceiros de suicídio no site ultrapassou fronteiras, com relatos de indivíduos viajando para outros países para concretizarem seus planos macabros. Em alguns casos, homens dos EUA foram ao Reino Unido encontrar mulheres vulneráveis para “ajudá-las” em seus suicídios. As famílias das vítimas relatam sua dor e indignação diante do que consideram uma promoção direta do suicídio, algo ilegal no país.

O governo britânico aprovou a Lei de Segurança Online em 2023 para lidar com plataformas danosas, como a investigada pelo estudo da BBC. Organizações como Samaritans defendem a aplicação efetiva da lei para proteger a população de ambientes virtuais nocivos. A regulação online se mostra desafiadora, mas essencial para evitar mais danos e tragédias causadas por sites que promovem o suicídio.

Diante de tantas situações trágicas e perturbadoras, é crucial destacar a importância de buscar ajuda e apoio emocional. O Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece suporte preventivo ao suicídio, com atendimento disponível por telefone e online. Para quem enfrenta momentos difíceis, é fundamental buscar auxílio e não hesitar em pedir ajuda.

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