Brasil avança no Brics, mas união na América Latina preocupa
Em meio às complexidades geopolíticas da América Latina, o Brasil enfrenta obstáculos significativos ao lidar com as crises vigentes em países como Haiti, Venezuela e Nicarágua. As tensões políticas e sociais nesses territórios desafiam a capacidade brasileira de promover soluções efetivas para essas questões.
“Nós precisamos querer livremente em todas as circunstâncias da vida, seja no crime ou na virtude suprema. Essa é a essência do querer de um homem”, afirmou Simone Weil, em uma reflexão que nos remete a diversas esferas das relações humanas, sejam elas individuais, afetivas ou coletivas. Apesar de sermos seres ‘fadados à liberdade’, muitas vezes nos deixamos envolver por convenções e crenças impostas, que frequentemente servem apenas como pretexto para objetivos de dominação.
Um exemplo claro disso é a dificuldade que enfrentamos para buscar a integração continental, algo que deveria ser um objetivo incontestável para o Brasil, inclusive previsto na Constituição. Preferimos, no entanto, agir de forma isolada, quando na realidade a projeção internacional requer diplomacia e a formação de blocos. Mesmo a China, que hoje desponta como potência econômica, não foge a essa regra, caminhando bem dentro do Brics, mas também necessitando de coordenação com seus vizinhos.
No contexto da América Latina e Caribe, a falta de união é evidente. O Brasil, sendo uma potência regional, falha em superar desafios cruciais, como as crises no Haiti, na Venezuela e na Nicarágua. Em cenários como o haitiano, vemos países africanos assumindo papéis de liderança, enquanto na Venezuela, questões sobre transparência eleitoral evidenciam fragilidades. Já na Nicarágua, a expulsão de um embaixador brasileiro por motivos protocolares ressalta a importância dos gestos diplomáticos na política internacional.
Esses acontecimentos não se limitam ao âmbito latino-americano, mas refletem uma complexa teia de relações internacionais em um momento de ascensão da extrema-direita pelo mundo. Exemplos como a ação de hooligans de extrema-direita no Reino Unido e mudanças geopolíticas na África demonstram o dinamismo e a instabilidade do cenário global, com confrontos que vão desde expulsões de potências coloniais até crises políticas internas.
Na Ásia, fatos como a derrubada de uma chefe de governo em Bangladesh por estudantes e a dissolução de um partido de oposição na Tailândia evidenciam um cenário de tensões e reconfigurações políticas significativas. O envolvimento popular em resistir a arbitrariedades e a busca por mudanças pacíficas refletem a força da sociedade civil em diversos contextos.
Simone Weil, em sua obra ‘Espera de Deus’, traz reflexões profundas sobre a ligação entre a poesia humana e o universo, destacando a importância de reconhecer nossas raízes para não nos perdermos no caos e na feiura do mundo. A busca por uma pertença autêntica, ancorada na poesia da existência, nos convida a refletir sobre a importância de manter nossas conexões com origens mais profundas, essenciais para nossa humanidade e para a construção de relações mais significativas e harmoniosas.”