Brasil registra 388 acidentes aéreos fatais desde 2014
No total, 746 vidas foram perdidas em acidentes aéreos recentes. É importante ressaltar que esse número não inclui as vítimas da queda do avião ATR 72-500 em Vinhedo, na última sexta-feira (9), que resultou na trágica morte de 62 pessoas. Essas estatísticas alarmantes evidenciam a urgência de aprimorar as medidas de segurança na aviação e de investigar minuciosamente as causas dessas tragédias para evitar futuros acidentes.
Dados do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) nos revelam um cenário preocupante entre 2014 e 2024 no Brasil: foram registradas 388 ocorrências fatais envolvendo aeronaves, resultando em 746 fatalidades. É importante ressaltar que esses números não incluem as perdas decorrentes da queda do ATR 72-500, em Vinhedo, ocorrida na última sexta-feira (9), que vitimou 62 pessoas.
Análises desses dados apontam que o fator mais comum entre os acidentes aéreos é a perda de controle em voo, totalizando 124 ocorrências. Em seguida, aparecem fatores como falhas ou mau funcionamento do motor, operação em baixa altitude e voo controlado contra o terreno.
O Cenipa adota uma abordagem que não busca determinar a “causa” dos acidentes, mas sim os fatores contribuintes. Segundo o próprio Centro, a “causa” seria um fator preponderante, diferentemente dos “fatores contribuintes” que são objetos de investigação visando a prevenção de novos acidentes. Destaca-se que a investigação do Cenipa não possui natureza criminal, sendo sua finalidade a análise de informações e obtenção de conclusões preventivas.
Paralelamente ao trabalho do Cenipa, autoridades policiais conduzem investigações criminais. Em entrevista à CNN, o ex-chefe da Divisão de Investigação do Cenipa, Rufino Antônio da Silva Ferreira, juntamente a outros especialistas, ressaltou a complexidade de identificar os fatores contribuintes para o acidente em Vinhedo. Ele salienta a variabilidade no tempo de investigação de cada acidente, enfatizando que há casos que demandam mais tempo para conclusões seguras.
A metodologia de investigação do Cenipa envolve a formação de comissões multidisciplinares, responsáveis pela coleta e análise de dados até a elaboração das primeiras conclusões. Rufino Antônio da Silva Ferreira coordenou as investigações da queda do Gol 1907 em 2006, que resultou em 154 mortes após colidir com um Embraer Legacy 600. O processo de investigação é dividido em três frentes: operacional, humana e material, abrangendo desde manutenção das aeronaves, plano de voo, condições meteorológicas até aspectos relacionados à equipe de voo e infraestrutura aeroportuária.
Tamanha investigação demanda a expertise de profissionais de diversas áreas, desde mecânicos até psicólogos. No caso coordenado por Ferreira, mais de 200 pessoas estiveram envolvidas no processo, evidenciando a magnitude e complexidade desse tipo de investigação.