Bailarina russa doa US$ 50 a ONG pró-Ucrânia e pode pegar 15 anos de prisão
A jovem Ksenia Karelina admitiu ter cometido traição após ser detida em fevereiro por realizar uma generosa doação a uma organização beneficente que apoia a Ucrânia.
A bailarina Ksenia Karelina, com dupla nacionalidade russo-americana, admitiu culpa nas acusações de traição perante a justiça russa, após ter sido presa por fazer uma doação para uma instituição de caridade que apoia a Ucrânia. Os promotores russos estão solicitando uma sentença de 15 anos de prisão, após os serviços de segurança acusarem Karelina de levantar fundos que foram utilizados para a compra de suprimentos militares para o Exército ucraniano. O julgamento está ocorrendo em Yekaterinburg, localizada a aproximadamente 1.600 km a leste de Moscou, onde ela foi detida pelas autoridades após uma visita a familiares em fevereiro.
A bailarina admitiu a culpa uma semana após a Rússia e o Ocidente realizarem uma significativa troca de prisioneiros, envolvendo 24 pessoas detidas em sete países distintos. O advogado de Karelina, Mikhail Mushailov, argumentou que a sentença de 15 anos de prisão solicitada pelos promotores era excessivamente rigorosa, considerando a cooperação da ré durante a investigação. Ele esclareceu que era improvável a participação de Karelina na troca de prisioneiros recente, ressaltando que essa ação só pode ocorrer após a decisão judicial definitiva. Mushailov afirmou aos jornalistas na quinta-feira que, após o veredito, iriam atuar nessa direção.
Ksenia Karelina residia em Los Angeles, nos Estados Unidos, há vários anos e obteve a cidadania americana em 2021. Em janeiro, viajou para a Rússia para visitar os familiares e desde então não conseguiu retornar para sua residência em Los Angeles. A acusação de traição foi fundamentada na doação de cerca de US$ 50 (R$ 280) feita por ela para a Razom, uma instituição de caridade que apoia a Ucrânia. A organização se mostrou surpresa com a prisão da bailarina amadora.
O julgamento de Karelina ocorre em meio à assinatura por parte do presidente russo, Vladimir Putin, de um decreto, em abril do ano passado, que elevou a pena máxima para traição de 20 anos para prisão perpétua como parte de uma ofensiva contra a dissidência. Na época da prisão de Karelina, o namorado dela, Chris Van Heerden, compartilhou que ela se orgulhava de ser russa e estava confiante em viajar pelo país. Desde a detenção da namorada, ele tem trabalhado para sensibilizar o governo americano a intervir em favor de sua libertação.
O FSB, serviço de inteligência da Rússia, antigo KGB, relatou que Karelina foi detida em Yekaterinburg, a mesma cidade onde o jornalista americano Evan Gershkovich foi preso por acusações de espionagem em março do ano anterior. Gershkovich foi liberado em 1º de agosto como parte de um grupo de 16 prisioneiros que retornaram à Europa e aos EUA, em troca de oito prisioneiros russos libertados de prisões em diferentes países, como EUA, Noruega, Alemanha, Polônia e Eslovênia.