Suprema Corte da Venezuela chama opositor de Maduro para depor
Em um gesto simbólico e polêmico, Edmundo González autoproclamou-se como o novo presidente eleito da Venezuela na última segunda-feira, dia 5.
Em meio à crise que se instalou na Venezuela após a controversa eleição presidencial de 28 de julho, a Suprema Corte do país convocou o candidato Edmundo González, que concorreu contra Nicolás Maduro, para comparecer ao tribunal nesta quarta-feira, 7, às 10h no horário de Brasília. O convite também foi estendido a outros três candidatos.
Vinculada ao governo de Maduro, a Suprema Corte emitiu um pedido oficial para a devida consolidação de todos os instrumentos eleitorais em posse dos partidos políticos e dos candidatos. Segundo a juíza do tribunal, os cidadãos Manuel Rosales, José Luis Cartaya, Simón Calzadilla e Edmundo González Urrutia foram citados para comparecer pessoalmente, entregar as informações requeridas e responder às perguntas formuladas pela Corte.
Não é a primeira vez que González é convocado pela Suprema Corte. Na última sexta-feira, 2, o opositor de Maduro foi chamado a comparecer, mas não compareceu. Na ocasião, era esperado que assinasse um termo de aceite ao resultado divulgado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que confirmou a reeleição de Maduro. Uma das possíveis razões para a ausência de González na Suprema Corte seria o temor de ser preso ao chegar ao local, algo que foi abordado por Maria Corina Machado, aliada do candidato opositor. Em entrevista ao The Wall Street Journal, ela mencionou que estava escondida por precaução devido ao receio por sua vida.
Desde que González e Corina Machado passaram a questionar o resultado que apontava a reeleição de Maduro, o presidente venezuelano tem feito declarações agressivas contra os opositores. Ele os classificou como terroristas que deveriam estar atrás das grades e afirmou que a justiça será feita. Apesar da tensão, González se autoproclamou como o novo presidente eleito da Venezuela na segunda-feira, 5, de forma simbólica, já que é o Conselho Nacional Eleitoral venezuelano quem tem a competência legal para proclamar o vencedor.
O opositor também fez um apelo aos militares e policiais para se colocarem ao lado do povo e impedir ações de grupos organizados pelo regime de Maduro, que ele acusa de ter dado um golpe de Estado. Maria Corina Machado argumenta que González teria vencido Maduro com 66% dos votos contra 30% do presidente. Ela destaca que está em curso uma contagem paralela dos votos para revisar a decisão do CNE.
Em entrevista ao Fantástico no domingo, 4, Corina Machado agradeceu ao ex-presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, por exigir a divulgação pública das atas de votação da eleição de 28 de julho. Em 1º de agosto, o Brasil, juntamente com México e Colômbia, assinou um documento reforçando a cobrança e destacando o respeito à escolha do povo venezuelano. A opositora venezuelana expressou sua gratidão pela posição dos governos próximos a Maduro, como Brasil, Colômbia e México, que se manifestaram firmemente em busca da verdade eleitoral.